O vinho português Campolargo ganhou o prémio de “melhor vinho branco do mundo” (IWC Champion White Wine 2014) no concurso mundial International Wine Challenge, que decorreu em Londres, anunciou nesta sexta-feira a empresa. O Campolargo branco de 2011 foi o primeiro vinho de mesa português a conquistar o troféu, em 31 edições do mais antigo concurso de vinhos, considerado “prestigiante e exigente”.

Os vinhos a concurso são distribuídos pelas categorias de brancos, tintos, espumantes e generosos, sendo numa primeira fase atribuída a distinção apenas a um vinho de cada país. Na fase seguinte é escolhido entre os melhores dos vários países o melhor de cada categoria.

Pela primeira vez um vinho português de mesa foi considerado o melhor de todos os vinhos a concurso, arrecadando a medalha de ouro, o título de ” Champion Trophy” para melhor vinho branco do mundo e melhor branco português.

“Fazemos este vinho como o fazia o meu avô”, disse à Lusa Carlos Campolargo, explicando que o “segredo” para o prémio está na genuinidade do vinho e no emprego de processos artesanais, mas também no fator sorte de condições climatéricas adequadas.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Empresa familiar, mas já de alguma dimensão, a Campolargo trabalha apenas com as suas próprias uvas, em duas propriedades com cerca de 170 hectares na Bairrada.

“O caso deste branco, apanhamos as uvas, da casta cercial, utilizada para espumante e que são extraordinariamente difíceis porque, entre o momento em que apanhamos para espumante, em que está com uma acidez muito alta e uma graduação provável baixa, e o momento em que está pronto para fazer este nosso vinho, um branco tranquilo, podem passar alguns dias para ter a maturação adequada e se chover lá vai a possibilidade de fazer este vinho”, explicou.

A “genuinidade” é também essencial para o resultado: “um vinho que na prova não é muito aromático, muito mineral e longo na boca, que se pode envelhecer muito bem”. Já que não são usados produtos enológicos (apenas sulfitos que evitam a degradação biológica) e é empregue “a velha técnica de ir à vinha apanhar só o que está maduro, sem ser demasiado, e em condições”. Na adega usam-se “velhos processos”, o que não invalida o uso de alguma tecnologia moderna.

“Tal como fazia o meu avô, assim faço eu. Claro que já não pisamos com os pés. São robots mecânicos que fazem esse trabalho, de uma maneira ainda mais suave do que os nossos pés”, esclarece. Empresa familiar, mas já de alguma dimensão, a Campolargo trabalha apenas com as suas próprias uvas, em duas propriedades com cerca de 170 hectares na Bairrada, e a estratégia não passa por aumentar a quantidade de vinho produzido.

“A nossa capacidade de produzir não é infinita e quando não houver mais, a solução é levantar o preço”, adianta Carlos Campolargo, esclarecendo que cerca de 40% da produção é destinada ao mercado externo, tendo como principal alvo a América do Norte.