PSD e CDS rejeitaram esta sexta-feira, no Parlamento, dois votos de condenação pela ação militar de Israel na Faixa de Gaza, um deles apresentado em conjunto por PS e Bloco de Esquerda e outro pelo PCP. O do PCP era claro na condenação da ação de Israel contra os palestinianos, mas sem falar no Hamas, enquanto o voto subscrito por PS e BE condenava, de forma geral, a violência na faixa de Gaza.

Mas um dos dados mais significativos foi a divisão registada na bancada socialista nas duas votações, designadamente quando oito deputados do PS apoiaram a tese da bancada do PCP, segundo a qual, como afirmou o deputado Bruno Dias, a ação militar de Israel constitui “um genocídio e um crime contra a humanidade”. Nesta votação estiveram ao lado do PCP, além do Bloco de Esquerda e do Partido Ecologista “Os Verdes”, os deputados socialistas Isabel Moreira, Inês de Medeiros, Eduardo Cabrita, João Galamba, Isabel Santos, Ana Paula Vitorino, Carlos Enes e Catarina Marcelino.

Em sentido oposto, votaram contra o documento do PCP a maioria PSD/CDS e dez deputados socialistas (João Soares, Pedro Delgado Alves, Alberto Costa, Marcos Perestrello, Miranda Calha, Vitalino Canas, João Paulo Correia, Rosa Albernaz, João Paulo Pedrosa e Vieira da Silva).

Depois, o deputado socialista e presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, Sérgio Sousa Pinto, leu em plenário o segundo voto em apreciação, este subscrito por deputados do PS e do Bloco de Esquerda.

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Um voto sem a dureza condenatória contra Israel presente no voto do PCP, mas no qual se pedia mesmo assim que o Parlamento lavrasse um protesto formal contra “o uso desproporcionado da força” por parte das tropas israelitas, sem qualquer referência às atividades do Hamas.

Sérgio Sousa Pintou lamentou que as bancadas da maioria PSD/CDS não tivessem subscrito este voto, tal como faria depois a deputada do Bloco de Esquerda Helena Pinto, que discursou com um lenço palestiniano ao pescoço.

Na resposta, a vice-presidente da bancada do PSD, António Rodrigues, e o porta-voz do CDS, Filipe Lobo de Ávila, advertiram sobre a impossibilidade de se chegar a uma solução de paz “caso se condene apenas uma das partes”, esquecendo o Hamas, e caso se “assuma uma visão unilateral sobre o conflito”.

Filipe Lobo de Ávila, tal como António Rodrigues, fizeram questão de frisar que o CDS e PSD defendem uma solução de paz com base na existência na região de dois Estados soberanos, Palestina e Israel.

No momento da votação, esta posição crítica do PSD e CDS face ao documento apresentado por Sérgio Sousa Pinto foi acompanhada por dois deputados socialistas (João Soares e Rosa Albernaz) e acompanhada parcialmente por outros cinco da bancada do PS que optaram pela abstenção (Marcos Perestrello, Pedro Delgado Alves, João Paulo Pedrosa, João Paulo Correia e Jorge Fão).

O voto subscrito por deputados socialistas e bloquistas mereceu o apoio total de grande parte da bancada do PS, do Bloco de Esquerda, do PCP e do Partido Ecologista “Os Verdes”, mas foi chumbado pela maioria PSD/CDS.

Neste debate, registou-se ainda um incidente lateral à discussão sobre a situação no Médio Oriente e que motivou uma intervenção pacificadora da presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves.

A vice-presidente do PSD Teresa Leal Coelho protestou por Bruno Dias, na sua intervenção, ter usado a expressão ‘direitos do homem’, em vez de ‘Direitos Humanos’. O deputado do PCP respondeu que se referiu à ‘Carta dos Direitos do Homem’, ou seja, ao nome oficial, mas Teresa Leal Coelho insistiu que esse é um erro de tradução para português e que se deve dizer ‘Carta dos Direitos Humanos’.