A Human Rights Watch acusou esta terça-feira as autoridades egípcias de crimes contra a humanidade pelo massacre, há um ano, das pessoas que estavam acampadas na praça Rabea al-Adauiya, no Cairo, referindo ainda que o Presidente do Egito deve ser investigado.

O diretor executivo da Human Rights Watch (HRW), Kenneth Roth, pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para criar uma comissão de investigação e instou os Estados a julgarem estes delitos nos tribunais dos seus países.

O responsável da HRW fez estas declarações durante a apresentação de um relatório sobre o massacre, em que se estima tenha morrido, pelo menos, 817 pessoas.

A organização não-governamental (ONG) de direitos humanos indicou como principais responsáveis do massacre o Presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, que na altura era o ministro da Defesa, o ministro do Interior, Mohamed Ibrahim, e o responsável pelas forças especiais da polícia egípcia, Medhat Menshaui.

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“Há provas suficiente para justificar uma investigação contra Al-Sisi e outros responsáveis mencionados por crimes contra a humanidade”, declarou Roth.

A apresentação do relatório aconteceu através de uma videoconferência, depois do Egito no domingo impedir a entrada de Roth e outros membros da HRW no país.

“Esta é a primeira vez que nos negam a entrada no Egito, nem sequer nos tempos do (ex-Presidente) Hosni Mubarak” isso aconteceu, afirmou Roth.

O relatório, intitulado “Tudo segundo o plano”, referiu que os assassinatos foram “sistemáticos” e responderam a uma planificação das autoridades nos dias que antecederam o 14 de agosto, quando foram desalojadas as pessoas nas praças Rabea al-Adauiya e Al-Nahda.

Roth considerou que “a magnitude do massacre é tão grande que está mesmo na categoria de outros, como o da praça de Tiananmen, na China”.

O documento acusou as forças egípcias de responder de forma desproporcionada à ameaça que representavam os manifestantes da praça Rabea al-Adauiya, já que foram encontradas apenas 15 armas entre milhares de pessoas, tendo ainda oito polícias morrido nos confrontos.

Os manifestantes estavam a protestar contra a deposição do Presidente Mohamed Morsi, que foi retirado do poder pelos militares, liderados por Al-Sisi, em julho de 2013.