A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) vai prolongar a suspensão das ações e instrumentos de dívida do BES, disse nesta quinta-feira o regulador dos mercados financeiros. A entidade liderada por Carlos Tavares decidiu estender a suspensão dos títulos “até à divulgação de informação relevante e segura sobre o emitente”.

Esta segunda-feira, as ações do BES foram excluídas do PSI 20, a valer zero euros, continuando os títulos no índice geral, apesar de suspensos de negociação. As ações do BES estão suspensas de negociação já desde as 15h42 de sexta-feira 1 de agosto, quando afundavam para o mínimo de 0,12 euros.

Os dias que antecederam a decisão do regulador do mercado foram de grande volatilidade para as transações do banco fundado pela família Espírito Santo, tendo sido transacionados mais de 671 milhões de ações entre quinta e sexta-feira.

Só nos 42 minutos entre as 15h00 e a decisão de suspensão foram transacionados 83 milhões de ações do banco, de acordo com informações prestadas à Lusa pela Euronext, um valor que está muito acima da média diária de negociação de 37 milhões de ações.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O elevado volume e a intensa volatilidade de negociações de ações do BES nessa sexta-feira já levou a CMVM a abrir uma investigação para saber se houve fugas de informação.

Este tema parece ter mesmo aberto uma ‘frente de batalha’ entre a CMVM e o Banco de Portugal, com o regulador dos mercados a já ter feito dois comunicados em que esclareceu que só tomou a decisão de suspender as ações do BES pelas 15:42 porque só nesse momento teve “conhecimento de iminentes desenvolvimentos que vieram a ser conhecidos durante o fim-de-semana” a propósito da solução para o BES, garantindo que desconhecia na altura outras decisões que, “tudo indica”, influenciaram os preços dos títulos.

Já no Parlamento, o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, afirmou que a CMVM esteve sempre informada quanto ao que estava a ser preparado e disse que a hipótese de aplicar uma medida de resolução ao banco só foi colocada em cima da mesa depois do fecho do mercado de sexta-feira 01 de agosto.

Na noite de domingo 03 de agosto, o Banco de Portugal tomou o controlo do BES e anunciou a separação da instituição em duas.

O chamado banco mau (‘bad bank’) ficou com os ativos e passivos tóxicos do antigo BES e, apesar de se continuar a chamar BES, não tem licença bancária e está em liquidação. É também no ‘bad bank’ que ficam os cerca de 30 mil acionistas do BES, que deverão perder tudo ou quase tudo.

Já no ‘banco bom’, o Novo Banco, ficaram os ativos e passivos considerados não problemáticos do ex-BES, recebendo esta nova instituição financeira uma capitalização de 4,9 mil milhões de euros através do Fundo de Resolução bancário.