“As notícias de hoje [quinta-feira] são positivas, pois mostram que a economia voltou a crescer, depois da deceção do primeiro trimestre. No entanto, parte do crescimento deve-se provavelmente ao efeito da Páscoa”. A análise é de Inês Domingos, economista e fundadora da Macrometria, e incide sobre os dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) que, numa primeira estimativa, revelou que a economia portuguesa registou um crescimento de 0,6% durante o segundo trimestre de 2014, depois de ter sofrido uma contração de 0,6% nos primeiros três meses do ano.

Inês Domingos assinala que “os detalhes ainda não estão disponíveis”, mas acrescenta, ao Observador, que “o INE informou que a maior contribuição para o crescimento em cadeia veio de exportações”. No que se refere à taxa de crescimento em comparação com o segundo trimestre de 2013, a economista comenta que “o INE aponta para uma desaceleração”, já que a variação do PIB foi de 0,8%, contra 1,3% de janeiro a março passados.

O efeito da Páscoa, que terá influenciado o comportamento da atividade, relaciona-se com o facto de a data se ter assinalado “em abril este ano e em março no ano passado”. Para a economista, “dado que o PIB português é ajustado da sazonalidade, mas não é corrigido dos dias úteis, a data da Páscoa pode ter um impacto significativo sobre as contas nacionais”. Inês Domingos adianta que “o crescimento trimestral anualizado do PIB andará perto de 1%, um pouco abaixo das projeções do Governo no Orçamento de 2014”.

Sobre o desempenho da zona euro, “o PIB estabilizou devido a uma queda de 0.2% na Alemanha e a uma estagnação em França”, comenta a economista. “Estes dados são corrigidos de efeitos de calendário e poderão ter sofrido de uma correção exagerada”, admite, mas acrescenta que “a estagnação na Europa continua a dar motivos de preocupação ao BCE”. Inês Domingos considera “provável” que “os efeitos das medidas tomadas pelo BCE nos últimos meses demorem algum tempo a chegar à economia real”, sendo “expectável que o BCE mantenha, por enquanto, as suas taxas de juro inalteradas”.

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