Céu azul. É tudo o que, de acordo com o El Mundo, se vê na última fotografia tirada por Michal e Hania Mackowiak, o casal de polacos que morreu no sábado, 9 de agosto, após cair de uma ravina no Cabo da Roca, em Sintra. É a selfie que não chegou a ser tirada. No Dia Mundial da Fotografia recordam-se as centenas de outras fotos que Michal tirou ao longo da sua vida.

Michal era um apaixonado por fotografia e nos vários sites geridos pelo casal é possível ver alguns dos melhores cenários de Lisboa, mas também de Peniche, Porto, Alentejo e Algarve. Morreram enquanto tentavam tirar essa selfie no ponto mais ocidental da Europa Continental, um lugar que conheciam  bem e que já tinham fotografado muitas vezes.

Michal e Hania Mackowiak não eram turistas apanhados num cenário que não conheciam. A viver em Portugal há alguns anos, o casal na casa dos 30 anos dedicava-se a promover Portugal, sobretudo Lisboa, através de páginas de turismo como Lisbon Best, Lisbon Gifts e World Photo Base. Doutorado em engenharia pela Universidade Técnica de Lisboa, Michal apresentava-se como um “apaixonado por fotografia” no site Photo Lisbon, onde oferecia os seus serviços de fotógrafo a turistas, entre outras facilidades.

No ano passado, Michal levou até à cidade polaca de Polkowice uma exposição de fotografia sobre Lisboa, onde era descrito como “um homem fascinado por Portugal”. Tão fascinado que ajudava a promover o país em mercados menos convencionais, como o polaco, o russo e o chinês. São precisamente estas três línguas — a par do inglês — as disponíveis no site Lisbon Best, plataforma onde divulgava a Lisboa dos turistas e a dos negócios, mas também a Lisboa enquanto destino ideal para quem queria casar fora do seu país natal.

Ao recheado álbum de fotografias, entre as quais várias do Cabo da Roca, Michal terá querido adicionar uma selfie com a mulher, Hania. Os dois atravessaram a barreira de proteção no Cabo da Roca, tal como fazem diariamente muitos turistas, e deixaram os filhos na zona de segurança. Foram Leo e Sophie, de seis e cinco anos, a dar os gritos de alerta sobre a queda dos pais, às 18h48.

No ar ficam alguns sites de promoção do turismo em Portugal e centenas de paisagens lusas eternizadas pela lente de Michal Mackowiak. “A intenção da família é mantê-los online”, disse um amigo da família ao Observador.

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