A missão portuguesa da Força Aérea na República Centro-Africana (RCA) está posta de parte. Anunciada em janeiro, com data marcada de partida em maio e depois cancelada, a participação de Portugal na operação da União Europeia está agora fora dos planos de Portugal.

O destacamento da Força Aérea que parte esta sexta-feira para o Mali é aquele que estava em treinos para ir para a República Centro Africana no dia 20 de maio, confirmou o Observador. Trata-se de um C130 e 47 militares da esquadra 501. Neste momento, a Força Aérea não tem quaisquer meios operacionais em treino para enviar para missão na RCA.

Segundo o Ministério da Defesa Nacional (MDN), uma vez que os meios portugueses foram colocados em suspenso após reavaliação das necessidades no terreno pelo comandante da força na RCA, o francês Philippe Pontiès, foi decidido responder “afirmativamente” ao pedido das Nações Unidas para reforçar o contingente no Mali.

O general tinha enviado uma carta ao ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, cinco dias antes da prevista partida dos militares portugueses a comunicar que já não precisava da ajuda portuguesa. Em junho, Pontiès garantia que a missão militar da União Europeia na República Centro-Africana tinha atingindo a sua total capacidade operacional. Segundo o MDN, uma eventual participação só poderá ocorrer agora no “período de retração” da força internacional, não havendo quaisquer certezas de que o comando da União Europeia no terreno a solicite.

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Portugal foi um dos primeiros países a anunciar disponibilidade para integrar a missão da União Europeia naquele país. “Portugal acompanha com preocupação a deterioração da situação humanitária e securitária na República Centro Africana [e] apoia a preparação de uma operação militar, no quadro da política comum de segurança e defesa da República Centro Africana”, afirmou em janeiro o ministro dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete. Ainda nesse mês, numa intervenção no anual Seminário Diplomático, o ministro tinha estabelecido o norte de África como prioridade da política externa portuguesa.

A missão na RCA que agora abortou começou envolta em polémicas. As primeiras notícias davam conta de que o Governo queria enviar militares da GNR e de que estes, aliás, já estavam em treinos. O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, chegou a dar ordens ao então comandante-geral para parar a instrução.

No Mali, Portugal tinha até agora 13 militares. Em março, já depois do compromisso com a República Centro-Africana, tinham sido enviados cinco que se juntaram aos sete que já lá estavam.

A Força Aérea recebeu ordens para preparar a nova missão no Mali (que vai durar três meses) depois da autorização dada pelo Conselho Superior de Defesa Nacional e da diretiva operacional nº 32 do Estado-Maior General das Forças Armadas, em julho.

Atualmente, Portugal tem 377 militares em missões em dez pontos do mundo, incluindo Somália, Kosovo e Afeganistão. As maiores participações são em missões da NATO (Kosovo e Afeganistão).