Poderão existir entre três a quatro mil russos – civis, ex-combatentes ou soldados em licença – a combater ao lado dos separatistas pró-russos, disse o líder dos rebeldes, Aleksandr Zakharchenko, à televisão estatal russa. As declarações surgem um dia depois de a chanceler alemã Angela Merkel ter exigido a Putin que proteja a fronteira com a Ucrânia, para evitar o acesso de mercenários e o contrabando de armas para os rebeldes. A mesma semana em que o presidente ucraniano Petro Porochenko e o presidente russo Vladimir Putin se sentaram à mesa para discutir um roteiro para as negociações de paz na Ucrânia.

Esta quarta-feira, os rebeldes tomaram a cidade de Novoazovsk, no sul do país junto à fronteira com a Ucrânia, e encaminham-se para a cidade portuária de Mariupol, a oeste. Um ataque tão a sul poderá servir para distrair as atenções das forças militares ucranianas que nas últimas semanas conseguiram reaver parte do território ocupado pelos rebeldes. Outra hipótese é que os separatistas pró-russos estejam a criar uma ponte entre a Rússia e a Crimeia, um território ucraniano que a Rússia anexou em março, para ter controlo total sobre o mar Azov. Os ataques no sul do país obrigaram o presidente ucraniano a cancelar a visita oficial à Turquia e a convocar uma reunião de emergência com o conselho de segurança.

Enquanto algumas fontes, como o embaixador norte-americano em Kiev, Geoffrey Pyatt, afirmam que a Rússia está a enviar tropas para a Ucrânia, as autoridades russas desmentem estar a ajudar os rebeldes. O porta-voz da força militar ucraniana, Andriy Lysenko, afirma ainda que uma coluna armada russa invadiu a cidade de Amvrosiyivka a sudeste de Donetsk. Além do telefonema de Angela Merkel a Putin a exigir explicações sobre esta situação, também o Ppresidente francês François Hollande e o Ppresidente norte-americano Barack Obama condenaram a ofensiva russa, fragilizando ainda mais as relações entre a Rússia e os países europeus e Estados Unidos.

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