A um ano de eleições legislativas, as peças no xadrez político começam a movimentar-se. Rui Rio é há muito aclamado por um setor do PSD (e nã só) que o quer ver enfrentar Passos Coelho e imitar o que fez António Costa a António José Seguro, a começar pelo próprio autarca de Lisboa. E Rio, não desvendando o que quer, mas mantendo o suspense, vai dando passos (salvo seja) no caminho, só não se sabe a caminho do quê. O próximo é o lançamento de uma biografia, exatamente na rentrée política e em cima das primárias do PS.

De acordo com o semanário Expresso, a biografia “Rui Rio – De corpo inteiro”, que será lançada no final de setembro, início de outubro, é autorizada pelo autarca. Prova de que Rio não quer sair de cena política e o timing não foi escolhido ao acaso: as eleições primárias no PS, que podem eleger António Costa, são no dia 28 de setembro; o país está em plena rentrée política e à espera do último orçamento anual da equipa Passos/Portas.

Rio só ainda não tornou claro os objetivos que tem no curto/médio prazo. Quer ser líder do PSD, tentar derrubar Passos Coelho e ainda ir a tempo de disputar as eleições legislativas, esperar pelas próximas ou guardar-se para as presidenciais? No círculo político do ex-autarca há a convicção que, uma eventual vitória de António Costa nas primárias do PS que levariam António José Seguro a sair da liderança do PS, provocaria um terramoto nas relações políticas do próximo ano, diz fonte próxima de Rio ao semanário (texto da edição deste sábado, não disponível online).

O lançamento de uma biografia autorizada pode ainda ser vista como a resposta indireta de Rui Rio ao desafio que António Costa lhe fez em entrevista recente ao Expresso.O autarca de Lisboa não tem dúvidas em afirmar que o opositor que escolhe é Rio e não são raras as vezes que os dois trocam elogios.

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Ainda este verão, os dois marcaram presença num debate na apresentação do Anuário Financeiro dos Municípios, da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC) e foi evidente o bom clima entre os dois. Costa, em plena corrida pela liderança (primeiro pela candidatura a candidato a primeiro-ministro do PS) não poupou nos elogios a Rui Rio e o ex-autarca retribuiu ao ponto de Costa,  perante a insistência na boa relação entre os dois ter ironizado:

“Basta dois políticos não se insultarem mutuamente para serem parceiros de coligação”.

Mas os dois concordaram num ponto mais importante para as movimentações (ou não) de Rui Rio: concordam com a antecipação das eleições legislativas para antes do próximo verão.

Rio defendeu que há “argumentos pró e contra”, mas inclina-se “mais para uma antecipação das eleições, para separar as legislativas das presidenciais e rapidamente resolver o problema da governação a prazo”. Já António Costa disse que “devia haver um consenso para que houvesse uma antecipação técnica, para dar tempo para alinhar com a normalidade dos calendários orçamentais”. Isto porque “eleições em Outubro [de 2015] dá um Orçamento em Abril ou Maio [de 2016]“.

Uma coisa é certa: Rio e Costa serão protagonistas da rentrée política deste ano. Só ainda não se sabe em que sentido.