A Câmara Municipal da Amadora vai lançar uma campanha que visa “desmistificar rumores e preconceitos” em relação à comunidade imigrante do município, formando “agentes anti-rumor” que possam ter um efeito multiplicador na disseminação da informação.

A presidente da autarquia, Carla Tavares, explicou neste domingo à Lusa que a campanha, denominada “Não alimente o rumor” e que vai ter como símbolo um papagaio, resulta de um desafio lançado pelo Conselho Europeu e arranca a 10 de setembro, assente nos resultados de um estudo que o ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa está a ultimar e que aborda questões como “a vivência e a empregabilidade” da comunidade imigrante em Portugal.

O estudo do ISCTE tem como ponto de partida alguns “rumores” ou preconceitos relativos à comunidade imigrante, como, por exemplo, “os imigrantes não querem e não gostam de trabalhar”, “os imigrantes roubam trabalho aos portugueses”, “os imigrantes vivem à custa dos subsídios e outros apoios do Estado”, “os imigrantes estão sempre ligados à criminalidade” ou “crianças imigrantes só trazem problemas às escolas”.

Em alguns casos, explicou a presidente da autarquia, a campanha poderá ajudar a desmistificar e a eliminar receios relativos a comportamentos que são apenas questões culturais: “Conviver e falar alto são uma característica da comunidade cabo-verdiana, uma questão cultural, mas que às vezes levanta receios”.

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Para isso, o município pretende formar “agentes anti-rumor”, que serão as escolas e associações da cidade, onde se encontram pessoas que “pelo contacto que têm com a população da cidade podem ter um papel de facilitadores e multiplicadores” na disseminação da informação, contribuindo para eliminar preconceitos.

Dados do estudo, ainda a ser concluído, disponibilizados pelo município a propósito desta campanha, indicam que “os imigrantes têm sido grandes contribuintes líquidos do sistema nacional, sendo que a diferença ente as contribuições e prestações sociais tem sido amplamente positiva; por exemplo, em 2010 esta diferença foi de 316 milhões de euros”.

“Em termos locais, verificou-se também que, em 2011, na população do concelho da Amadora com mais de 15 anos, apenas 6% dos habitantes recorria a apoios estatais como fonte de rendimento”, acrescenta a informação do município.

A campanha, que visa envolver os cidadãos e o município da Amadora, onde a comunidade imigrante representa 10% dos 175 mil habitantes da cidade, agregando 41 nacionalidades diferentes, vai também estar presente nas redes sociais. O projeto tem financiamento da União Europeia e vai ser implementado em várias cidades europeias.