Há 12 cidadãos portadores de passaporte português a combater ao lado do Estado Islâmico do Levante e Iraque (ISIS), de acordo com a edição do jornal Público desta terça-feira. Têm menos de 30 anos, vivem na Europa e, na maioria, são filhos de emigrantes.

Dos 12, dez são homens e duas são mulheres, e “não têm qualquer relacionamento com a comunidade muçulmana em Portugal”, escreve o jornal. Há duas semanas, o Observador publicou uma reportagem sobre o percurso e “leveza” desta comunidade. Nos diversos locais de culto pelo país, não existe qualquer registo de ensino religioso relacionado com os jihadistas – existem 52 mesquitas em Portugal.

O mesmo não se pode aplicar a toda a União Europeia. Só do Reino Unido, consta que existem 500 combatentes nas fileiras do ISIS, o que levou, ainda ontem, David Cameron a anunciar uma série de medidas contra-terrorismo. De Marrocos, já partiram 1200 cidadãos, segundo o ministro do Interior, Mahamend Hassad, “além de outros dois mil radicais de origem marroquina com a nacionalidade francesa, belga ou de outros países da UE.” Em 2011, durante um dos maiores períodos de tensão no regime de Bashar al-Assad, na Síria, partiram 50 cidadãos espanhóis para se juntarem aos jihadistas.

Os portugueses

Provêm do Reino Unido, França, Luxemburgo, Holanda, descendentes de famílias portuguesas oriundas do Norte de Portugal, mas há também cidadãos com ascendência de Angola e Guiné-Bissau. Para chegarem à Síria, tomaram duas rotas: voos regulares para a Turquia e depois por via térrea e passar a fronteira turco-síria; ou através de um voo para a Bulgária e depois por via térrea pela Turquia e Síria.

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Segundo o Público, os jihadistas portugueses vivem “há longos anos em países estrangeiros e o seu doutrinamento e posterior recrutamento ocorreu nos locais de residência, nomeadamente na capital britânica e na Holanda.” Porém, existe também o caso de um jovem que vivia em França com os pais, nascidos em Tondela, e que agora faz parte do ISIS. “Em 22 de Maio último, na área de Mashahada, nos arredores de Bagdad, no Iraque, cometeu um atentado suicida”, escreve o jornal. Uma das principais fontes de recrutamento para os “combatentes estrangeiros” é a internet.

Até agora, não há conhecimento de que algum dos 12 indivíduos identificados tenha regressado de forma definitiva a Portugal, apurou o Público.

O último relatório anual de segurança interna de 2013, publicado em abril, já referia que existência de portugueses nas fileiras do Estado Islâmico do Iraque e do Levante.

 “Quanto à dinâmica da radicalização e da adesão a movimentos extremistas de matriz islâmica foram desenvolvidos esforços de acompanhar os fenómenos de auto-radicalização e a deteção de conexões entre cidadãos nacionais e movimentos jihadistas de cariz internacional. Neste contexto, destaca-se o empenhamento na adoção de boas práticas, partilhadas no âmbito da União Europeia,  no que tange à interação com as comunidades islâmicas instaladas e no apoio à adoção de medidas de anti-radicalização.”

No passado fim de semana, o semanário Expresso, também publicou a história de um casal português, ela filha de alentejanos e ele criado na linha de Sinta, que juntaram-se ao sonho do califado islâmico. (Link para assinantes)