O ministro adjunto e do Desenvolvimento Regional recusou nesta terça-feira que o Estado apenas tenha reduzido a despesa em salários e pensões, defendendo que a redução em outras áreas foi muito superior. “Ouço falar que só se reduziu a despesa em salários e pensões e que não se conseguiu mais nenhuma redução na despesa, que foi uma redução cega na despesa. Na realidade a despesa primária excluindo remunerações foi reduzida por este governo em mais de seis mil milhões ao ano. Houve uma redução muito superior em áreas que não dizem respeito a salários e pensões do que nessas áreas”, afirmou o ministro adjunto, Miguel Poiares Maduro.

Poiares Maduro, que falava durante uma ‘aula’ da Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide até domingo, referiu que a área em que houve maior redução de despesa em proporção foi nos consumos intermédios, onde está aquilo que normalmente se designa como as ‘gorduras do Estado’.

Apontando a mobilização dos cidadão para reformas que não têm benefícios imediatamente percetíveis como “um dos grandes desafios da política de hoje em dia”, o ministro adjunto considerou que o problema exige “mais inteligência política, mais pedagogia, mas também coragem política”.

“Qualquer maioria deve governar sempre na expetativa de poder vir a ser premiado pelos cidadãos e reeleito, mas não deve governar para essa eleição, deve governar na esperança que o seu trabalho seja reconhecido pelos cidadãos dessa forma, mas não pode governar apenas para isso”, disse. Ainda a propósito do tema das reformas, Poiares Maduro falou da questão da reforma do sistema eleitoral, defendendo a necessidade de repensar a organização política da sociedade e não apenas os mecanismos de participação.

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“Em Portugal tendemos a cair nas soluções simplistas, que é uma pura questão de reforma do sistema eleitoral. Não é, é muito mais ampla que isso, é uma questão de cultura política”, sublinhou, defendeu uma “reflexão alargada”, que abranja também a questão da qualificação e capacitação da classe política e do funcionamento das instituições políticas.

Ainda a propósito de reformas, Poiares Maduro insistiu na dificuldade que existe em concretizá-las, lamentando que apesar de na teoria todos serem a favor de grandes reformas, a partir do momento em que elas se concretizam “deixam de ser vistas como reformas para passarem a ser vistas como como um ataque a um conjunto de direitos ou interesses estabelecidos”. Contudo, reiterou, as reformas produzem efeitos difusos e dilatados no tempo, embora os custos sejam imediatos.

Na ‘aula’ da Universidade de Verão do PSD, o ministro adjunto, que debateu com Rui Tavares do partido Livre a “Clivagem Esquerda/Direita”, falou ainda sobre a ideia de que a esquerda tem uma maior preocupação redistributiva, rebatendo com o facto de o atual Governo ter levado a cabo algumas das políticas com maiores preocupações em corrigir impactos de desigualdade.

Como exemplo, Poiares Maduro lembrou que 85% das reformas não foram atingidas pelos cortes e o alargamento do subsídio de desemprego aos independentes. Ao longo do debate, o ministro adjunto falou ainda da necessidade de uma maior valorização do compromisso político, advogando que se pode estar em desacordo em imensas matérias, mas mesmo assim chegar a acordo em alguns pontos.