Uma equipa de investigadores da Universidade de São Paulo no Brasil descobriu uma ligação entre o excesso de peso e a função cerebral. O estudo foi publicado no final do mês passado no Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism e estabelece uma relação direta entre a obesidade, a capacidade cognitiva e o aparecimento de doença de Alzheimer e outras formas de demência.

Os investigadores submeteram 17 mulheres obesas a testes neurológicos e psicológicos antes de uma gastroplastia (cirurgia bariátrica), ou seja, uma redução cirúrgica do estômago. Os testes comparativos subsequentes demonstraram que a capacidade de planeamento, estratégica e organização nessas mulheres aumentou consideravelmente. Estes resultados estendem as consequências da obesidade além das graves repercussões para a saúde física.

Os mecanismos fisiológicos desta ligação não foram completamente esclarecidos, mas estarão relacionados, entre outros fatores, com alterações nas concentrações hormonais. Na prática, o estudo veio esclarecer que a obesidade não faz as pessoas menos inteligentes, simplesmente obriga a que o cérebro se esforce mais para atingir os mesmos resultados. Além disso, demonstrou que os efeitos do excesso de peso na atividade cerebral são reversíveis, o que constitui mais um argumento para a importância da prevenção da obesidade, um problema crescente no mundo ocidental. O estudo pode ser consultado aqui.

Outro trabalho publicado esta semana vem sugerir que a mudança dos hábitos alimentares pode alterar as respetivas preferências gustativas, ou seja, e em traços gerais, o cérebro pode aprender a gostar de um alimento. Investigadores da Tufts University e do Massachusetts General Hospital sujeitaram um grupo de participantes a imagens de alimentos ricos em calorias (p.ex. batatas fritas) e de alimentos saudáveis (p.ex. vegetais) e registaram a respetiva atividade cerebral. Após seis meses de uma dieta saudável, repetiram o exame e compararam os resultados: os participantes não só tinham perdido peso, como desenvolveram mais apetite por alimentos saudáveis.

Comer bem é um gosto que se adquire. Vá treinando, o seu corpo e o seu cérebro agradecem.

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