O candidato socialista às primárias António Costa afirmou na segunda-feira à noite que uma maioria de Governo do PS por si liderada nunca será autossuficiente, mas antes aberta a independentes, a movimentos e a partidos disponíveis para construir uma alternativa.

António Costa falava no encerramento de um jantar com cerca de 1200 apoiantes (dados da organização) no Pátio da Galé, em Lisboa, numa intervenção em que abordou a questão das futuras soluções de Governo em Portugal.

“Mudar de política não é simplesmente mudar de parceiro na coligação de Governo, mas ser Governo formado e dinamizado pelo PS, porque só assim se fará a mudança. Tal como fizemos em Lisboa, o PS quer ter maioria, mas o PS não quer ser autossuficiente”, declarou António Costa na parte final do seu discurso.

De acordo com o ex-ministro dos governos de Guterres e de Sócrates, uma maioria de Governo por si liderada “será um fator de agregação, fazendo nela participar sejam independentes, sejam movimentos, sejam outros partidos que estão contra a política deste executivo e que querem construir connosco uma alternativa.

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Outro dos temas centrais do discurso do presidente da Câmara de Lisboa foi a defesa da descentralização enquanto fator essencial de uma reforma do Estado.

“Todos ouvimos falar do Terreiro do Paço como marca e símbolo do centralismo nacional, mas aquilo que fizemos [enquanto Câmara de Lisboa] foi resgatar ao Paço este espaço para o devolver ao povo. Hoje é o terreiro do povo, o terreiro de todos os cidadãos”, sustentou o autarca da capital.

No discurso anterior, o ex-presidente do Governo Regional dos Açores e o mandatário da candidatura de António Costa. Carlos César, também se referiu à relação entre a capital e o resto do país, mas para visar indiretamente o discurso que tem sido proferido pelo secretário-geral do PS, António José Seguro.

“A candidatura de António Costa apela ao Portugal de todos, desde os agricultores de Lisboa até aos doutores de Montalegre, para trabalharmos juntos como aliados e parceiros e não como adversários ou concorrentes”, disse, provocando algumas gargalhadas.

Carlos César deixou mais “uma indireta” em relação a alguns episódios que têm ocorrido na campanha das primárias socialistas. “Une-nos em torno de António Costa o apoio político com ideias e não com ‘slogans’, que se relaciona com os portugueses com emoções e com racionalidade, mas que dispensa encenações e vitimizações”, acrescentou.