O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) afirmou esta terça-feira, em Fátima, que os bispos portugueses estão em sintonia com a linha “inclusiva e de acolhimento” em relação aos homossexuais e recasados, mas admitiu que o assunto não é consensual.

No final do Conselho Permanente da CEP, ao comentar o documento que o sínodo dos bispos sobre a família está a preparar para entregar ao papa Francisco, o padre Manuel Barbosa disse que os bispos portugueses estão numa “linha inclusiva” e de “acolhimento”. “Não pode ser numa linha de rejeição, pura e simples. Não se pode rejeitar ninguém, tem que ser acolhida, na variedade da sua forma de ser ou de estar”, declarou o sacerdote, acrescentando que “não é só pelo papa Francisco -nos ter apelado a isso, mas tem que ser [uma atitude] de inclusão e de acolhimento, de perceber as situações e de ver que caminho também de ajuda podemos ter perante essas situações”. Manuel Barbosa declarou que “a Igreja em Portugal, naturalmente, sintoniza com esta posição”.

Questionado sobre o facto de este não ser um tema consensual, o porta-voz da CEP considerou que, apesar de “opiniões diferentes”, é possível um consenso. “Em princípio, na doutrina essencial há consensos”, declarou, acreditanto que “nesta reflexão que o sínodo está a fazer vai tentar chegar, certamente, a consensos”. O responsável observou que este assunto não foi abordado no Conselho Permanente da CEP, mas vai sê-lo na Assembleia Plenária, em novembro, na qual será feita uma “reflexão mais demorada”.

O documento que o sínodo dos bispos sobre a família está a preparar para entregar ao papa Francisco encoraja o acolhimento “dos dons e qualidades” dos homossexuais na Igreja, sem promover qualquer revolução na doutrina da Igreja Católica sobre esta questão.

O primeiro relatório provisório do sínodo, apresentado na segunda-feira, resume as intervenções da primeira semana da assembleia geral extraordinária dos bispos. “A questão homossexual apela para uma reflexão séria sobre como elaborar caminhos realistas de crescimento afetivo e de maturidade humana e evangélica, que integre a dimensão sexual: apresenta-se como um desafio educativo importante”, refere o texto. Os participantes do sínodo dos bispos reconheceram também a necessidade de tomar “opções pastorais corajosas” sobre situações familiares difíceis, como a dos divorciados.

O sínodo extraordinário dos bispos sobre a família decorre até domingo, em Roma, e nele participa o presidente da CEP e patriarca de Lisboa, Manuel Clemente.

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