A Portugal Telecom fixou hoje novos mínimos históricos em bolsa, em mais uma “sessão negra” para as ações da operadora de telecomunicações. Os títulos chegaram a cair mais de 27% na segunda-feira de manhã, aprofundando as perdas da abertura da sessão e mantendo a tendência negativa que se acentuou na sexta-feira, dia em que o Tribunal do Luxemburgo recusou o pedido de “gestão controlada” feito pela RioForte. A decisão, comum a outras três empresas do Grupo Espírito Santo (GES) naquele país, torna provável que a RioForte avance para a insolvência.

As ações da operadora já estiveram a negociar a 0,865 euros, um novo mínimo histórico. Às 13h00, valiam 0,958 euros. Estes valores comparam com o fecho de sexta-feira nos 1,214 euros. Multiplicando o preço de cada ação pelo número de ações disponíveis, conclui-se que a PT tinha, nesta altura, uma capitalização de mercado de 858 milhões de euros.

É um valor inferior ao que a empresa aplicou em papel comercial – isto é, dívida de curto prazo – da RioForte, uma empresa do GES. Em abril, a PT colocou 897 milhões de euros nesses instrumentos, cujo pagamento falhou, entretanto. No final da sessão, os títulos travaram uma queda mais acentuada e fecharam a perder 10%nos 1,092 euros. Apesar da recuperação, a operadora valia menos de mil milhões de euros.

O Observador questionou a CMVM sobre uma eventual suspensão da negociação das ações, uma decisão que o regulador pode tomar quando se aguarda informação relevante por parte da empresa cotada. Fonte oficial respondeu que “não estão reunidos os pressupostos legais” para que essa decisão seja tomada. Hoje foram negociadas mais de 50 milhões de ações, mais do dobro do que foi transacionado em toda a sessão de sexta-feira.

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Os analistas justificam a forte queda das ações com a incerteza em torno da exposição à crise do GES, sobretudo depois de o Tribunal do Luxemburgo ter colocado a RioForte à beira da insolvência. “A decisão mostra a situação delicada da RioForte e reduz as expectativas quanto à recuperação” do montante aplicado no papel comercial da empresa do GES, escrevem os analistas do BPI em nota de análise desta segunda-feira. As quedas da Portugal Telecom SGPS na bolsa portuguesa acentuaram-se também depois da saída de Zeinal Bava da liderança da Oi.

As ações da PT em bolsa são, atualmente, apenas um veículo dono de uma posição de 26% da empresa resultante da fusão entre a Oi e a PT e a dívida da RioForte. Depois da revelação de que foram aplicados, em abril, 897 milhões de euros da tesouraria da PT em instrumentos de dívida de curto prazo da RioForte – cujo pagamento falhou, entretanto – a PT ficou com uma opção para a compra de mais ações de modo a elevar a posição para 37%, a porção originalmente definida no acordo de fusão.

Também a penalizar os títulos da PT na bolsa está uma nota de análise emitida no final da semana passada pelo banco Morgan Stanley, que atribuiu um preço-alvo de 0,79 euros às ações, sugerindo que os títulos ainda podem cair mais na bolsa.