Os investimentos chineses em grandes empresas portuguesas atingiram já 9.500 milhões de euros e não vão ficar por aqui. A energia foi até agora o principal destino do capital made in China, representando operações de oito mil milhões de euros, mas o investimento já se estendeu ao setor financeiro e à saúde. Durante os anos da troika, a China tornou-se num dos mais importantes investidores estrangeiro em Portugal.

Mas nem todos recebem de braços abertos o capital chinês. Alexandre Soares dos Santos, ex-presidente da Jerónimo Martins (JM), declarou nesta terça-feira que detesta o investimento chinês porque não traz “coisíssima nenhuma, nem know-how, nem sequer management. Esta posição contrasta com o discurso oficial. O presidente da AICEP, Miguel Frasquilho, defendeu hoje em Macau a “disponibilidade de Portugal para poder ser a porta de ligação com os restantes países da CPLP [Comunidade dos País de Língua Portuguesa].

“Temos uma posição privilegiada, somos um país da União Europeia, isso faz com que a nossa posição seja muito interessante. Portugal pode e deve ser utilizado para este fim”, sublinhou. Nesta viagem à China, Miguel Frasquilho esteve já em Hong Kong, para um encontro com potenciais investidores de onde levou “bons indícios”.

Petróleo no Brasil e renováveis

A par das aquisições mais visíveis realizadas nas privatizações da EDP e da REN (Redes Energéticas Nacionais), há que somar as operações realizadas em filiais internacionais de empresas portuguesas. O maior investimento, avaliado à data num encaixe de quase quatro mil milhões de euros, foi a venda, através de aumento de capital, de 30% do capital da Galp Brasil à Sinopec. Esta operação foi realizada em 2012 com o objetivo de obter fundos para financiar os elevados investimentos da Galp na exploração de petróleo na costa brasileira.

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Depois de comprar 21,35% da EDP, a China Three Gorges tem vindo a adquirir participações minoritárias nas operações da EDP Renováveis, dentro e fora de Portugal. Até agora, o maior acionista da EDP já aplicou mil milhões de euros na compra destas posições, o que corresponde a metade do valor acordado. Estas operações visam reduzir a alavancagem do grupo EDP e ajudar a financiar a expansão do negócio das renováveis.

O investimento chinês chegou em força ao setor financeiro este ano através da compra por mil milhões de euros da maior seguradora portuguesa, a Fidelidade. Recentemente a Fidelidade adquiriu através de oferta pública de aquisição 96% do capital da Espírito Santo Saúde, o que representou um esforço financeiro de 460 milhões de euros. Os chineses da Fosun admitem realizar novos projetos em Portugal ou aproveitar a Fidelidade como plataforma para chegar a novos mercados.

Para além de liderarem as autorizações de residência, atribuídas ao abrigo dos vistos Gold, em troca de investimentos no mercado imobiliário, o investimento chinês em Portugal poderá passar também pela banca e portos. Segundo o Wall Street Journal, a China, a par com o Dubai e o México, estão a rota do presidente do BESI, José Maria Ricciardi que procura um novo investidor para o banco de investimento do antigo BES.