Um amor que não cedeu a nada. Nem mesmo ao segundo grande conflito mundial, a 10 filhos ou a 73 anos de uma vida em comum. A história de Helen e de Joe Auer mais parece o enredo de um drama histórico, onde a ação se desenrola em torno do romance dos protagonistas.

Quando Helen morreu na passada quarta-feira, Joe inclinou-se para dar o último beijo à companheira de longa data e sussurrou “Chama-me para junto de ti” (“call me home” em inglês). Dito e feito. Passadas 28 horas, Joe juntou-se a ela. Segundo o Cincinnati Enquirer, os filhos do casal não ficaram surpreendidos e chegaram a dizer que o pai conseguiria viver uma noite sem a mulher, não duas.

Os dois casaram-se em 1941, numa altura marcada pela guerra. Helen estava grávida do segundo filho quando Joe foi chamado a combater. Foi em França que recebeu uma carta da mulher, uma fotografia que mostrava Helen junto dos dois filhos, Barry e Judy — era a primeira vez que Joe via a filha mais nova, que só viria a conhecer quando esta já tinha três anos de idade. Por uma questão de simbologia, o homem encontrou espaço na carteira para guardar a imagem. E ali ficou até hoje. “Nunca saiu da carteira dele”, disse o filho Jerry ao mesmo jornal. “Ainda está lá”.

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As dificuldades financeiras eram reais e educar dez crianças não foi tarefa fácil — Joe chegava a apanhar dois autocarros para o trabalho e só comprou um carro quando se reformou. Mesmo assim, os desafios foram superados e a união manteve-se inquebrável até ao derradeiro fim. Joe e Helen deixam para trás nove filhos — Barry, Judy, Steve, Mary Jo, Jeanne, Karen, Tom, Chris e Herry (Bob morreu há sete anos de cancro), 16 netos, 29 bisnetos e ainda um trineto.

Mary Jo Reiners, uma das filhas, explicou ao jornal norte-americano que estes são tempos de felicidade porque os pais viveram uma vida abençoada. Ela que se reformou mais cedo para conseguir ajudá-los em fim vida devido à artrite da mãe que teimava em piorar. “Ela adorava a sua família e os seus amigos. Ela adorava estar ocupada com a família”, contou Mary Jo. O pai era mais calmo e tinha o papel de disciplinador.

“Eles eram pessoas humildes e simples. Não pediram nada e receberam tudo em troca”, comentou o filho mais novo, Jerry Auer.