Os países mais endividados da periferia europeia, como Portugal, precisam de um perdão de dívida pelos credores oficiais, como os países e instituições, defende um ex-conselheiro económico do antigo Presidente norte-americano George Bush (pai). O ex-responsável do FMI, Banco Mundial e Reserva Federal diz que a dívida não se vai pagar com crescimento económico.

Um perdão de dívida decidido pelos países mais ricos, através do chamado Clube de Paris (formado em 1956), está longe de ser uma prática nova. A diferença é a quem se devia aplicar: aos países da periferia europeia, como Portugal, Grécia ou Irlanda.

Tradicionalmente, o Clube de Paris, um clube informal de países credores – liderado pela França – perdoa a dívida a países subdesenvolvidos, desde que estes cumpram um plano muito rigoroso de reformas e apresentem resultados muito bons.

No entanto, Robert Kahn, ex-conselheiro económico de George H. W. Bush, e ex-colega de Larry Summers e Timothy Geithner no Tesouro norte-americano, defende que esta abordagem devia ser aplicada aos países da periferia da Europa, como é o caso de Portugal.

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Para Robert Kahn, a estratégia da Europa para resolver a questão do excesso de dívida está a ver o problema ao contrário, e que até agora o bloco tem demonstrado falta de vontade em lidar com o excesso de endividamento público e privado. A elevada dívida, diz, tem um efeito corrosivo no investimento e na confiança e contribui para as pressões deflacionárias que o continente está a sentir.

“No entanto, os líderes europeus ainda não decidiram atacar este problema de forma determinada, continuando na esperança que o reescalonamento dos pagamentos e o eventual regresso ao crescimento permita aos países crescer mais que as suas dívidas”, escreve o responsável, num artigo publicado pelo Council on Foreign Relations.

Robert Kahn responde ainda aos críticos da reestruturação das dívidas públicas, que defendem que a extensão de maturidades é suficiente, garantindo que a estratégia atual não convence e cria muita incerteza, sobre que políticas os países devem adotar e sobre “se a austeridade vai acabar algum dia”.

“A Europa precisa de um Clube de Paris. Chamem-lhe um grupo consultivo se for preciso; organizem-no em Berlim, Amesterdão ou Bruxelas. Quanto mais rápido essas regras forem estabelecidas, mais rapidamente a Europa irá voltar ao crescimento”, escreve.