O chefe da missão do Fundo Monetário Internacional para Portugal defende, em entrevista ao Jornal de Negócios, que Portugal tem de continuar com as reformas estruturais para criar mais empregos e mais bem pagos, também para trazer de volta os portugueses que emigraram, e diz que é muito cedo para tirar conclusões sobre a descida da taxa de desemprego. O caso BES, diz, “apanhou toda a gente de surpresa”.

Subir Lall, chefe de missão para Portugal desde a oitava revisão do programa de ajustamento, diz que ainda ninguém percebem muito bem as razões para descida da taxa de desemprego e defende que é preciso precaução na análise desta tendência: “Penso que ninguém ainda percebeu muito bem como é que a taxa de desemprego está a baixar. Estamos muito satisfeitos com a sua evolução, mas precisamos de perceber o que está a acontecer para que possamos tirar as lições”.

Na entrevista que deu ao jornal de economia, Subir Lall vinca mais uma vez a posição do fundo sobre a descida da taxa de desemprego, que o FMI fez questão de tornar pública por altura da conclusão da primeira missão de monitorização após o final do programa, que a decisão era prematura.

“Imagino que vá perguntar sobre o salário mínimo, e a nossa posição aí é que ao aumentar o custo de contratar, há um desincentivo em trazer os trabalhadores menos qualificados de volta para a força de trabalho, e os que têm emprego têm mais dificuldade em mantê-los”, afirma.

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O indiano defende ainda que os bancos portugueses deviam ser forçados a aumentar os seus rácios de capital acima do mínimo regulamentar e que o setor não transacionável não fez o ajustamento, em termos de pessoal, e que o setor transacionável da economia não cresceu o suficiente.

Ainda sobre o aumento da competitividade da economia, o chefe de missão do FMI diz que, apesar de as exportações terem crescido, o Fundo já tinha alertado para a possível insustentabilidade do ajustamento externo da economia portuguesa e que agora se vê um abrandamento neste processo.

BES apanhou toda a gente de surpresa

Questionado sobre o caso BES, o responsável do FMI recusa responsabilidades da troika no caso e diz que o caso “apanhou toda a gente de surpresa”, garantindo que não houve complacência da troika, que tinha de remeter estes casos para o supervisor, o Banco de Portugal.

Subir Lall diz ainda que soubera que o problema era grave “mais ou menos ao mesmo tempo que toda a gente” e diz que vai responder por escrito à comissão parlamentar de Inquérito ao caso BES.