Os deputados do PCP estão a encostar o Governo à parede em relação ao surto de Legionella que já provocou a morte a pelo menos quatro pessoas no concelho de Vila Franca de Xira. A falta de informação tem sido um dos problemas apontados ao Ministério e à Direção Geral de Saúde, por pouco ou nada se saber sobre a fonte de origem deste pouco comum surto da doença dos legionários. O PCP dirigiu, por isso, ao Ministério da Saúde um conjunto de perguntas que quer ver esclarecidas: Qual o plano de ação que está em marcha para descobrir a origem do surto? E no caso de as pessoas ficarem infetadas, o Serviço Nacional de Saúde está preparado para as receber?

Mostrando-se “profundamente preocupado” com a doença e com o facto de ainda não ter sido encontrada a origem do surto, o PCP exige que o Governo esclareça o que está a ser feito no terreno, isto é, que meios, estruturas e serviços estão a ser usados, e em que locais, para detetar a origem do problema. Os últimos dados davam conta de que, até domingo, tinham sido infetadas com aquela bactéria um total de 180 pessoas, sendo que 24 estavam internadas nos cuidados intensivos e quatro não tinham resistido ao vírus.

Num documento dirigido ao Ministério da Saúde, e assinado pelas deputadas comunistas Carla Cruz e Paula Santos, o grupo parlamentar do PCP pede ainda que a explicação do Governo vá mais além, no sentido de dizer se o Estado tem capacidade para dar resposta ao surto, isto é, se o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está apto a receber e a tratar todas as pessoas que sejam internadas com aquela doença. O problema da falta de camas e de profissionais de saúde nos hospitais públicos é lembrado neste contexto.

“1. O Governo referiu que foi acionado um plano de contingência face ao surto de legionella. Solicitamos uma informação detalhada sobre as orientações que constam do plano de contingência.

2. Quais os hospitais públicos que estão de prevenção para tratar pessoas com a doença dos legionários? Qual a capacidade máxima desses hospitais, nomeadamente em termos de camas de internamento, com e sem ventilação?

3. Está previsto o encaminhamento de doentes para hospitais privados? Em caso afirmativo, em que fase?

4. Quantos profissionais de saúde, por carreira, estão de prevenção para tratar pessoas infetadas com legionella?

5. Pondera o Governo proceder à contratação extraordinária de profissionais de saúde para a constituição das equipas adequadas para tratar os doentes com a doença dos legionários?

6. Em caso afirmativo, de que carreira, quantos e para que estabelecimento de saúde do SNS?

7. Qual o tratamento e/ou terapêutica utilizada para o tratamento desta doença? Garante o tratamento e/ou terapêutica a todos os casos existentes e a todos os que possam vir a existir?”

Para o PCP, é urgente que o Governo ponha os cidadãos a par do que está a ser feito e das condições que o Estado tem para acolher os doentes, lembrando que o próprio ministro da Saúde admitiu no domingo que era “expectável o surgimento de novos casos”.

Para dar resposta ao problema, diz o PCP, o SNS tem de ter camas suficientes e preparadas com sistemas de ventilação para “as situações mais complexas” e não pode haver falta de médicos, como acontece em alguns hospitais. Também não podem faltar medicamentos para garantir o tratamento adequado aos infetados. Nesta lógica, o PCP sugere mesmo que haja um reforço da contratação de profissionais de saúde, já que se admite a eventualidade de surgir um surto de gripe a par do surto de Legionella, o que “colocaria uma enorme pressão nos serviços públicos de saúde”.

Recordando que “há relatos de familiares de doentes que denunciam os elevados tempos de espera no serviço de urgências”, o grupo parlamentar do PCP diz que é notória a “fragilidade” do funcionamento dos serviços públicos de saúde, e por isso, quer ter garantias do Governo de que o Estado está preparado para dar resposta ao surto.

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