O comandante supremo das forças aliadas na Europa, Philip Breedlove, em declarações aos jornalistas na terça-feira, considerou que “neste momento o cessar-fogo [entre o Governo ucraniano e as forças separatistas] só existe no papel”, admitindo estar preocupado com a escalada de violência no território.

A tensão vivida na Ucrânia e o aumento dos combates entre forças pró-Rússia e os militares fiéis ao Governo ucraniano estão a atingir níveis preocupantes e, de acordo com o que uma fonte dos serviços de segurança britânicos revelou à CNN, o fim oficial do cessar-fogo pode estar iminente.

Para já, e segundo fontes do Pentágono, a Rússia reuniu cerca de 8 mil soldados na fronteira com a Ucrânia e terá intensificado o envio de armamento para as forças independentistas.

Estas informações vêm reforçar os relatos alarmantes sobre movimentações militares no território ucraniano: os observadores internacionais da Organization for Security and Co-operation in Europe (OSCE), destacados na cidade de Donetsk, revelaram ter visto uma coluna com 43 camiões militares, cinco deles com obuses de 120 milímetros e outros cinco equipados com um sistema que permite o lançamento de vários mísseis em simultâneo, que seguia em direção ao centro da cidade. Ainda assim, os veículos militares não tinham qualquer identificação, persistindo, por isso, algumas dúvidas sobre a quem pertencem.

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Todavia, este episódio é apenas um de muitos que foram tendo lugar ao longo das últimas semanas. No dia 8 de novembro, os observadores da OSCE viram uma coluna nove tanques a sete quilómetros da autoproclamada República Popular de Donetsk. No mesmo dia, os observadores internacionais viram, também, uma outra coluna militar composta por 40 veículos, nomeadamente camiões e tanques – não identificados -, que se deslocavam para a cidade de Makeevka. No dia seguinte, no domingo, foram vistos 17 camiões com artilharia pesada na mesma região.

Ainda que não se saiba ao certo a quem pertencem estas viaturas militares, tudo parece apontar para que sejam de origem russa: ou são militares do Kremlin ou são rebeldes ucranianos equipados com armamento russo. Putin continua a negar publicamente que esteja a prestar qualquer apoio aos separatistas, no entanto, e como lembra o jornal El País, Moscovo também o negava quando em fevereiro e março deste ano tropas e veículos russos não identificados neutralizaram aeroportos e bases militares na Ucrânia.

O ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, que acredita que Putin se está a preparar para um ataque militar, já reagiu a estes novos desenvolvimentos, acusando Moscovo de ser responsável por estas movimentações suspeitas. O ministro Yevgeny Perebiinis revelou que a Rússia, não só está a aumentar o seu destacamento militar nas fronteiras com a Ucrânia, como também está a encetar esforços para melhorar os seus serviços de espionagem aérea às tropas fiéis a Kiev e ao primeiro-ministro Arseniy Yatsenyuk.

A falta de identificação dos veículos “não deve enganar ninguém (…) é um sinal da guerra híbrida inventada pela Rússia, que lhe permite afirmar cinicamente que faltam provas [da associação efetiva entre Moscovo e os rebelde]”, denunciou Yevgeny Perebiinis, que garantiu que o “comboio humanitário da Rússia” é um meio de [Putin] apoiar os grupos armados que operam no leste da Ucrânia”.

Apesar dos sinais de intensificação do conflito entre o Governo ucraniano e as forças independentistas, nem a União Europeia, nem os Estados Unidos reagiram publicamente às notícias reveladas pelos observadores da OSCE, pelo que as sanções económicas impostas à Rússia e os acordos até agora celebrados entre Ucrânia, Rússia e as forças rebeldes de Lugansk e Kiev deverão permanecer inalterados.