O primeiro Guiões – Festival Internacional do Guião Cinematográfico de Língua Portuguesa é disputado no sábado em S. João da Madeira, por 10 textos de longa-metragem que, entre 281 candidatos, têm potencial para desenvolver o cinema nacional “no imediato”. É essa a expectativa de Luís Campos, coordenador da edição de estreia do evento enquanto diretor criativo da empresa Squatter Factory, que tem na produção e distribuição cinematográfica um dos seus eixos de atividade.

“A procura que registámos na fase das candidaturas só comprovou que, apesar da lacuna que se verifica na disponibilidade de guiões para o mercado da produção cinematográfica em Língua Portuguesa, esses textos existem”, explica à Lusa. “Os autores não têm é hipótese de fazer chegar o seu trabalho às pessoas com poder de decisão, mas enviaram-nos agora 281 guiões e, entre esses, escolhemos como finalistas aqueles que revelam maior potencial para contribuir no imediato para o desenvolvimento do cinema português”, declara.

Drama, comédia e terror são alguns dos géneros que se incluem entre os 10 guiões finalistas, assinados tanto por autores desconhecidos como por profissionais mais experientes, de Portugal e do Brasil. A organização do festival também recebeu candidaturas de Angola, mas nenhuma dessas passou na fase de pré-selecção, em que Luís Campos garante que “os únicos critérios de escolha foram o talento do guionista e a qualidade do texto”.

Comum a candidatos e finalistas será o facto de que, “até aqui”, os respetivos autores “tinham apenas três opções” para divulgação dos seus enredos cinematográficos. “Uma dessas alternativas era a participação em concursos literários, o que obrigava o autor a adaptar o seu guião a romance ou novela, para poder concorrer”, revela Luís Campos. “Outra opção era ele arranjar meios para que alguém passasse o seu guião a filme, para poder entrar em festivais de cinema, e a terceira hipótese era concorrer a festivais estrangeiros, o que implica sempre alterar o guião para Inglês”, conclui.

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O programa da primeira edição do Guiões integra, por isso, duas sessões de “pitching” em que cada finalista terá cinco minutos para convencer um grupo de profissionais do setor quanto aos méritos do seu texto.

A decorrer nos Paços da Cultura, o evento prevê ainda: uma palestra por João de Mancelos, autor do “Manual de Guionismo”; a apresentação do programa de financiamento europeu para as indústrias criativas; e um debate sobre “Criação Cinematográfica em Língua Portuguesa”, com a participação de profissionais como Tiago R. Santos (guionista de filmes como “Callgirl” e “Os Gatos Não Têm Vertigens”) e Telmo Martins (realizador de “Um Funeral À Chuva” e da série “Sal”).

Quanto aos vencedores, anunciados às 20:00 de sábado, o primeiro classificado terá direito a 1.000 euros e acumula-os com os prémios que serão atribuídos aos dois outros autores a distinguir no festival: cursos de guionismo, livros sobre a especialidade e softwares de escrita para guião.