Companhia já tinha muita. Cristiano Ronaldo era um de 23, um entre os melhores, os donos dos pés mais amigos de uma bola que esteja a rolar na relva. Ou das mãos, porque lá no meio também estava um guarda-redes. Um especial, bem especial, pelas aventuras que teima em ter fora da baliza, longe da grande área, as suficientes para, num jogo, ser capaz de usar mais chuteiras do que as luvas. Lá para o meio, já é costume, também estava um argentino tímido, reservado e de poucas palavras, que prefere falar pelos golos, fintas e passes que o seu pé esquerdo aprendeu a produzir em massa.

Estes eram Manuel Neuer e Lionel Messi. Guarda-redes alemão, de 28 anos, do Bayern de Munique, vencedor do último Mundial, e o avançado argentino, 27 anos, do Barcelona, vice-campeão do Mundo. E são estes os que, agora, e como se suspeitava, vão estar na corrida com o extremo português, de 29 anos, do Real Madrid, pela Bola de Ouro. Deste trio sairá o nome ao qual se colará a distinção de melhor jogador do Mundo de 2014.

E há novidades. O português (nasceu a 5 de fevereiro de 1985), pela primeira vez, é o mais velho entre o trio de finalistas ao prémio. Ele que já anda nisto desde 2008, ano em que venceu e viu Fernando Torres, que lhe leva um avanço de 312 dias na idade, ficar em terceiro. De resto, nas edições que viram Ronaldo ser um dos sprinters finais da distinção, havia sempre alguém mais graúdo: Xavi em 2009 e 2011 (nascido a 25 de janeiro de 1980), Andrés Iniesta em 2012 (11 de maio de 1984) e Frank Ribéry em 2013 (7 de abril de 1983).

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Depois há Manuel Neuer. O alemão, um dos que levou do Brasil o último Mundial, é o primeiro guarda-redes a conseguir ser um dos finalistas à Bola de Ouro da FIFA, desde que a entidade criou o galardão, em 2009. Mas não é inédito nesta conversa de troféus individuais, por culpa da France Football. A revista francesa, que de 1956 até 2009 entregava anualmente a sua própria Ballon d’Or, chegou a ver o russo Lev Yashin, amigo de Eusébio, a ganhar o troféu em 1963, antes de Dino Zoff, guardião italiano, ficar em segundo na corrida, em 1973 — e bem antes de Oliver Kahnf fechar o pódio nas votações de 2001 e 2002.

Seja como for, a 12 de janeiro, em Zurique, dia e local em que a FIFA anunciará o vencedor, haverá história. Seja a de Cristiano Ronaldo, por conquistar pela terceira vez a Bola de Ouro. Por Lionel Messi, que, a ganhar, levará a quinta bola para casa. Ou a de Manuel Neuer. Mas este não será o único lote de pessoas a poder entrar de mãos a abanar na gala e de lá sair acompanhado por um prémio.

Os homens das ordens, os treinadores, as cabeças que montam uma equipa, também merecem. Carlo Ancelotti, Diego Simeone e Joachim Löw, pelos vistos, merecem mais que todos os outros. O italiano, à primeira época no clube, guiou o Real Madrid à conquista (em Lisboa) da décima Liga dos Campeões. O argentino viu-o de perto, pois lá estava para perder a final com o Atlético de Madrid, já depois de ser campeão espanhol. Depois há o alemão, que foi ao Brasil com a seleção germânica para de lá voltar com o quarto Campeonato do Mundo conquistado para o país.

Depois há os golos. E quem os marcou. A FIFA deu a escolher entre dez e, 18 dias depois, acabou com os três melhores. Um deles foi marcado por Stephanie Roche, irlandesa que se terá lembrado do futebol de praia, brincou com a bola e disparou-a sem a deixar tocar na relva. Outro é de James Rodríguez, o craque colombiano que, no Mundial, usou o peito e o pé canhoto para rebentar um golaço contra o Uruguai.

E por último há Robin Van Persie, holandês que se atirou para o ar como um avião para, frente à Espanha, também na Copa do Mundo, transformar a bola num golão que, agora, também está na luta para lhe colocar o Prémio Puskas nas mãos — que distingue o melhor golo marcado durante 2014. Aqui pode ver estes e os outros sete golos que estavam na corrida.

Nas mulheres há uma coisa que não é novidade nenhuma — o facto de Marta estar entre as três melhores mulheres deste planeta a jogar futebol. A brasileira já vai no nono ano seguida (desde 2006) como finalista do prémio para melhor jogadora do mundo, que existe desde 2001 — e que venceu, de forma consecutiva, entre 2006 e 2010. É obra. E só tem 28 anos.

As restantes finalistas são Abby Wambach, melhor marcadora de sempre da seleção feminina dos EUA, e a alemã Nadine Kessler, capitã do Wolfsburg que, em maio, foi ao Estádio do Restelo, em Lisboa, conquistar a Liga dos Campeões. Na lista dos melhores treinadores de futebol feminino também está Ralf Kellermann, o homem que liderou a equipa germânica à vitória na prova. A competirem com ele estão Maren Meinert, atual selecionador da equipa sub-20 da Alemanha, e o japonês Norio Sasaki, que lidera a seleção feminina do seu país.