O líder comunista manifestou-se nesta segunda-feira preocupado com a possibilidade de o Governo impedir a greve anunciada da TAP no final do ano, considerando que isso evidencia a sua “teimosia e determinismo em privatizar” a empresa. Jerónimo de Sousa respondia assim aos jornalistas, à margem de um debate do Clube dos Pensadores, em Vila Nova Gaia, depois de questionado sobre a eventual possibilidade de o Governo vir a recorrer a pessoal civil para colmatar a anunciada greve de trabalhadores da TAP, defendendo o direito constitucional à greve.

“A violação do direito à greve não pode ser um ato banalizado. Os trabalhadores estão a exercer um ato constitucional na defesa dos seus interesses. Seria preocupante que o Governo tentasse impedir uma forma de luta constitucional, na sua teimosia e determinismo de privatizar a TAP”, declarou o secretário-geral comunista. Jerónimo de Sousa apelidou de “crime” a privatização da TAP e apontou que “o Governo terá de assumir as suas responsabilidades” caso avance com esta medida.

“Creio que a proposta dos sindicatos é: suspenda-se a privatização e suspendemos a greve. Este é um elemento fundamental, porque os trabalhadores demonstram que não estão a fazer a luta pela luta, não estão a fazer a greve pela greve”, afirmou, acrescentando que “a resposta está do lado do Governo”.

Sobre o impacto que a greve na TAP possa causar no setor do turismo, o líder do PCP defendeu que “as vozes do turismo e as vozes nacionais deveriam pôr em primeiro lugar que a privatização da TAP significará um atentado ao interesse nacional”.

A plataforma de sindicatos que representa os trabalhadores da TAP apresentou hoje ao Governo um memorando no qual propõe a suspensão do processo de privatização da companhia e da greve, decretada para entre 27 e 30 de dezembro. Na passada sexta-feira, o Governo propôs à plataforma sindical a criação de um grupo de trabalho para responder às preocupações dos funcionários, desde que a greve de quatro dias seja desconvocada.

Hoje, em Palmela, o ministro da Economia, António Pires de Lima, garantiu que o processo de privatização da TAP vai avançar, independentemente da posição da plataforma sindical da transportadora aérea sobre a greve marcada para o final de dezembro.

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