O antigo primeiro-ministro, José Sócrates, terá recebido mais de um milhão de euros em dinheiro vivo, de meados de 2011 até 21 de novembro, momento em que foi detido no aeroporto de Lisboa. As quantias terão sido transportadas ora por Carlos Santos Silva, ora por João Perna, de acordo com o que escreve o jornal Sol.

Só no último ano, as autoridades portuguesas terão registado 40 entregas de dinheiro no valor total de 400 mil euros, uma média de 33 mil euros por mês, segundo a mesma publicação.

O dinheiro terá sido levantado da conta de Carlos Santos Silva, amigo de infância e, alegado, testa-de-ferro do ex-primeiro-ministro, e depois seria entregue em envelopes a José Sócrates, através do próprio empresário ou, como mais tarde se veio a tornar mais frequente, pelo motorista João Perna. Gonçalo Trindade Ferreira, o advogado que foi detido, terá também participado no esquema, segundo diz o Sol constar da investigação do Ministério Público: na ausência de Carlos Santos Silva, terá sido ele a levantar os cheques nos balcões do BES.

José Sócrates terá sido confrontado durante o interrogatório com estas informações e terá respondido apenas que se tratava de um empréstimo de Carlos Santos Silva, que iria saldar depois. O empréstimo serviu para pagar a sua estadia em Paris, onde se fixou para estudar Filosofia, depois de deixar o cargo de primeiro-ministro em 2011.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

João Perna terá assumido um papel determinante no, alegado, esquema de branqueamento de capitais. Carlos Santos Silva, por ser forçado a ausentar-se do país em viagens de negócios, terá depositado em João Perna a missão de ser ele o principal intermediário de José Sócrates: terá cabido ao motorista o transporte do maior volume do dinheiro.

Estas versões dos acontecimentos são contraditadas pela defesa de Sócrates. Ainda na quinta-feira o advogado de defesa do ex-primeiro-ministro, João Araújo, disse que o motorista do ex-primeiro-ministro, João Perna, “nunca foi a Paris” nem “levou malas de dinheiro” para a capital francesa: “Irritou-me profundamente o espetáculo, o folclore, em torno da audição do senhor João Perna” e “as aldrabices, as mentiras, que foram produzidas, presumo que sopradas pela investigação”, afirmou o advogado, à saída do Estabelecimento Prisional de Évora, onde reuniu com o seu constituinte, em prisão preventiva.