O regresso de Manuel Monteiro ao CDS está a abalar o partido. Uma nova tendência dentro dos centristas, liderada pelos históricos Ferreira Ramos e Ismael Pimentel, defende que Monteiro, que liderou o partido entre 1992 e 1998, é um potencial candidato à presidência da República, assim como Ribeiro e Castro, também antigo líder do partido e deputado. Para além de um candidato do partido a Belém, esta nova fação do CDS lamentam que a reforma do Estado não tenha sido efetuada.

A nova tendência, chamada Direita Social, que se vem juntar ao Movimento Alternativa e Responsabilidade, liderado por Filipe Anacoreta Correia, como oposição ao líder Paulo Portas, diz mesmo em comunicado à imprensa, “se não teria sido mais útil um acordo de incidência parlamentar que não obrigasse o CDS-PP a violar os seus princípio”. Os dois antigos deputados e históricos do partido que encabeçam esta tendência defendem que o partido abdicou das suas promessas eleitorais “à custa da presença no Governo”.

“Acho que o CDS se deve voltar a afirmar e as eleições presidenciais são uma boa forma de o fazer, haja ou não coligação”, disse o antigo deputado do CDS Ismael Pimentel ao Observador.

Este impulsionador da nova tendência do CDS – apresentada no sábado passado – defende que Manuel Monteiro, apesar de estar afastado partido há muitos anos, “aceita convites de bom grado” para participar em iniciativas de pessoas próximas do CDS e que “não há assim tanta animosidade dentro do partido contra ele como se quer fazer parecer”.

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Contactado pelo Observador, Manuel Monteiro recusa uma candidatura às presidenciais. “Tenho pena que não exista candidato da direita conservadora em Portugal, mas essa pessoa não sou eu”, afirma Manuel Monteiro, acrescentado que fica “sensibilizado pela manifestação de simpatia”.

Quanto a Ribeiro e Castro, Pimentel lembra que esta candidatura já foi ensaiada há quatro anos, mas “não foram reunidas as condições”, como o próprio declarou na altura. “Qualquer um deles seria uma mais-valia para o partido. Não queremos candidatos na idade da reforma, queremos pessoas jovens com ideias frescas”, afirma Ismael Pereira. Quanto à restante vida interna do partido, a tendência Direita Social defende a concretização de um Conselho Nacional urgente onde devem ser discutidas as presidenciais, a coligação para para as legislativas e ainda a garantia que “o trajeto para o futuro do partido não passa por uma ligação próxima com o PS” – rejeitando assim uma possível coligação à esquerda nas eleições.

As duas tendências vão estar presentes na conferência deste sábado em Lisboa. O encontro que tem como mote “Mudar a bem”, vai reunir numa conferência aberta à participação de todos, militantes ou não do CDS, os críticos da liderança de Paulo Portas à frente do partido e as alternativas possíveis para o CDS nos próximos anos.