Ao fim de quase uma semana, António Costa quebrou o silêncio sobre o caso das dívidas de Passos à segurança social para acusar o primeiro-ministro de estar a “usar e abusar da imunidade política” dada pelo Presidente da República com o intuito de se esquivar a esclarecer as dúvidas que persistem sobre o tema. Lembrando que a maioria chumbou as perguntas feitas pelo PS em sede de comissão parlamentar, Costa fez ainda um ultimato a Passos dizendo que o PS já lhe “deu uma segunda oportunidade” ao remeter novas perguntas à Assembleia da República. E que agora, o PS está à espera das respostas.

“Não se percebe como e que o primeiro-ministro acha que pode usar e abusar da imunidade política que o Presidente da República lhe ofereceu para não esclarecer prontamente e cabalmente todas as dúvidas que têm sido suscitadas” sobre o caso, disse o líder do PS esta manhã, em Coimbra, sublinhando que Passos Coelho tem o “dever de explicação”. Um dever que é comum a todos os cidadãos, mas que é acrescido pelo facto de dizer respeito a um detentor de um cargo público do mais alto nível.

“Não disparamos primeiro e perguntamos depois. Aguardamos que responda às perguntas que formulámos e retiraremos as conclusões”, disse.

Questionado pelos jornalistas sobre se o PS vai pedir a demissão do primeiro-ministro na sequência das últimas notícias, como alguns históricos socialistas já vieram pedir, António Costa limitou-se a dizer que, primeiro, é preciso “esperar pelas respostas”, e só depois “tiraremos as ilações devidas”. Antes, tinha classificado de “inaceitável” o facto de o primeiro-ministro não ter respondido logo na primeira oportunidade e ter “adiado a resposta”, fragilizando dessa forma a ideia que os portugueses têm das “instituições democráticas”.

Para o líder socialista, a questão central é que Pedro Passos Coelho tem, “além do direito à privacidade”, “o dever de esclarecer os cidadãos sobre os atos que praticou”. Principalmente porque o atual Governo, segundo Costa, “tem sido insensível perante os portugueses que estão em situação de irregularidade fiscal”. Portanto, “quem se comporta assim [enquanto governante] tem um dever político acrescido”, reforçou.

Os históricos Manuel Alegre e Alfredo Barroso estão entre os que, esta sexta-feira, em declarações ao DN e à TSF, respetivamente, apontaram o dedo à lenta e ineficaz reação do secretário-geral do PS ao caso de Passos, instando Costa a exigir a demissão do chefe de Governo.

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