O presidente russo, Vladimir Putin, revelou hoje, numa entrevista divulgada pela televisão pública, que lançou uma operação de anexação da Crimeia logo após a deposição do presidente ucraniano pró-russo Viktor Yanukovich em 22 de fevereiro de 2014. “Pedi para virem ao Kremlin os responsáveis dos nossos serviços secretos, do Ministério da Defesa, e confiei-lhes a missão de salvar a vida do Presidente da Ucrânia. Teria sido massacrado”, disse Putin na entrevista que será transmitida pelo canal Rossia 1 e de que foram hoje divulgados extratos.

“Era a noite de 22 para 23 de fevereiro, que terminou às 07:00 da manhã e eu disse a todos os meus colegas que seríamos forçados a começar a trabalhar para manter a Crimeia como território russo”, adiantou o presidente russo. A 22 de fevereiro do ano passado, depois de vários meses de protestos pró-ocidentais Viktor Yanukovich foi deposto pelo Parlamento em Kiev, fugiu para o leste e o poder mudou de mãos na Ucrânia.

Quatro dias depois, a 27 de fevereiro, comandos não identificados e fortemente armados tomaram o parlamento regional da Crimeia, cujos deputados se reuniram à pressa para decidir a realização de um referendo. A 28 de fevereiro, a Ucrânia denunciou a “invasão” da Crimeia pela Rússia, com a chegada de 2.000 soldados à península da Crimeia para assumir o controlo de pontos estratégicos.

A península foi oficialmente anexada à Rússia a 18 de março, uma “anexação” nunca reconhecida por Kiev e pelos países ocidentais. Sobre Yanukovich, agora refugiado na Rússia, Putin não adiantou de que forma e em que condições foi feita a sua extração da Ucrânia. “Instalámos metralhadoras de grande calibre para não haver muito a debater. Estávamos preparados para removê-lo de Donetsk por terra, mar ou ar”, disse Putin nos extratos da entrevista divulgados hoje.

Na sequência da anexação da Crimeia pela Rússia, regiões pró-russas do leste da Ucrânia iniciaram uma insurreição armada contra o governo de Kiev que em dez meses já resultou em mais de 6.000 mortos. a Ucrânia e os países ocidentais acusam a Rússia de envolvimento no conflito, mas Moscovo nega veementemente.

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