Já não é a primeira vez que Pierre Gonnord, fotógrafo francês com residência em Madrid, se dedica a fotografar comunidades marginalizadas de forma quase pictórica, a fazer lembrar retratos em tela do século XVII ou XVIII. Fê-lo em vilas isoladas de França e Espanha, na América do Sul, com membros da yakuza, no Japão, com jovens sem-abrigo, cegos, agricultores ou mineiros um pouco por toda a Europa.

Para este trabalho, contudo, Gonnard veio até território nacional. Inserido numa residência no âmbito da Trienal no Alentejo, com quem colabora em vários projetos, o artista explorou a fronteira raiana junto a Portalegre e encontrou nos ciganos nómadas do Alentejo as personagens perfeitas para The Dream Goes Over Time (originalmente intitulado Au-Delà du Tage).

Um visitante observa atentamente a obra "Maria, João e Isaac".

Um visitante observa atentamente a obra “Maria, João e Isaac” / DR

Mais uma vez, e à imagem do seu trabalho anterior, Gonnard assina uma coleção de retratos íntimos com um estilo pictórico muito acentuado, não só dos membros da comunidade da região mas também dos respetivos animais. O fotógrafo deparou-se com a família, pela primeira vez, quando estes se deslocavam a bordo de uma carroça a caminho do seu acampamento. Viajou e conviveu com eles durante semanas até ganhar confiança e afeto suficientes para os poder fotografar, sendo que muitos deles nunca sequer tinham visto uma câmara até aí.

Depois de já ter sido mostrado em 2013, em Évora, no âmbito da Trienal e em 2014 no Centro Andaluz de Fotografia, o trabalho atravessa o Atlântico e chega agora a Nova Iorque: está patente na galeria Hasted Kraeutler até 25 de abril.

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