O cenário estava montado, com a necessária pompa e circunstância. Astrónomos e astrofísicos de todo o mundo esperavam um momento extraordinário, único nas ciências do espaço: um encontro entre uma nuvem de gás e um buraco negro gigante, com data marcada para maio de 2014.

Nunca tinha surgido a oportunidade de observar um evento destes, algo nunca antes registado e com consequências extraordinárias. A força gravitacional deste buraco negro em particular é equivalente à de 4 milhões de sóis. A nuvem de gás que foi ao seu encontro estendia-se por 60 mil milhões de quilómetros, o que justificava a enorme expectativa.

Uma equipa do Instituto Max Planck para Física Extraterrestre publicou em janeiro um artigo em que detalhava como a força gravitacional do buraco negro destruiu completamente a nuvem. Logo a seguir uma equipa da Universidade da Califórnia disse que a nuvem sobreviveu incólume e continuava a sua órbita elíptica à volta do buraco negro.

Agora, cientistas da Universidade de Colónia acabam de publicar um estudo na Science, afirmando que o sucedido foi um não-evento. Ao Wall Street Journal, o astrofísico Andreas Eckart assumiu: “também esperávamos uma oportunidade para escrever um artigo excelente sobre a nuvem de gás, mas nada disso aconteceu. Não houve fogo de artifício”. O buraco negro não terá aumentado a sua atividade. E de acordo com esta análise, a nuvem de gás seria afinal uma estrela enorme. As técnicas são diferentes, mas os dados analisados são os mesmos que a equipa do Max Planck usou – ambas basearam-se na informação recolhida pelo telescópio VLC, situado no deserto do Atacama (Chile).

Estão a decorrer mais estudos, que esperam lançar luz em cima do misterioso encontro com o buraco negro.

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