A dívida portuguesa a dois anos está com taxas de juro negativas esta quinta-feira. A taxa de juro associada aos títulos com vencimento em outubro de 2016, a referência atual para dívida a dois anos, tocou esta manhã num valor negativo 0,04%, o valor mais baixo desde a criação da zona euro.

Trata-se de títulos que estão a ser negociados entre os investidores, e não emissões reais pelo Estado português. Não é provável que o Estado português volte a emitir dívida ao abrigo desta linha de crédito com maturidade em outubro de 2016. Mas é um marco importante para a evolução do risco do Estado português aos olhos dos investidores e um sinal claro de que os estímulos do Banco Central Europeu (BCE) continuam a pressionar os juros em baixa.

As taxas de juro a dois anos chegaram a superar os 20% no auge da crise e após os sucessivos cortes de “rating”, no final de 2011 e início de 2012. Essa taxa significava que os investidores estavam a despejar no mercado os títulos de dívida de Portugal a preços tão baixos que ofereciam uma rendibilidade superior a 20% ao longo da vida do empréstimo.

Juros a dois anos chegaram a superar os 20%

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As taxas de juro a dois anos chegaram a superar os 20% no auge da crise e após os sucessivos cortes de “rating”, no final de 2011 e início de 2012. Fonte: Bloomberg

 

O Observador explicou-lhe neste trabalho a razão por que as taxas de juro estão negativas em vários países europeus. No que diz respeito a emissões concretas de dívida pública, o Estado português ainda não gozou de taxas negativas, nem mesmo nas emissões de dívida de curto prazo, mas os analistas acreditam que isso poderá acontecer em breve.

“É provável que Portugal também se venha a financiar, a curto prazo, a taxas negativas”, disse ao Observador esta semana Diogo Teixeira, administrador da gestora de fundos Optimize, em Lisboa. “Mesmo a longo prazo, é provável que não se venha a ter taxas tão baixas durante muitas décadas”, diz o especialista, pelo que “é uma oportunidade única para o orçamento do Estado que convém não desperdiçar, procurando reduzir e diminuir o encargo com juros do nosso stock de dívida”.

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