Os alunos do 6.º e do 9.º ano apresentaram resultados “particularmente fracos” em questões que mobilizam a capacidade de encontrar estratégias para a resolução de problemas e na construção de textos de caráter argumentativo.

A conclusão está no Relatório Nacional 2010-2014 das provas finais de 2.º e 3.º ciclos, divulgado, este sábado, pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE) e segundo o qual “não se observam evidências significativamente diferentes” das que têm sido apresentadas em anos anteriores.

Na disciplina de Português, “torna-se evidente a importância de praticar a leitura a partir de suportes progressivamente mais complexos”, lê-se no relatório, em que se sugere a valorização da aprendizagem nas componentes literária e não literária.

Em Matemática, os relatores defendem a importância de estimular e trabalhar o cálculo mental, promovendo a exploração de estratégias de cálculo: “As evidências permitem concluir que deve ser dedicada especial atenção à resolução de exercícios e problemas envolvendo números racionais nas suas diferentes formas”.

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No domínio Geometria e Medida, destaca-se “a necessidade de insistir na resolução de problemas que envolvam as noções de áreas, perímetros, volumes e propriedades de figuras planas/sólidos com figuras suporte, mas também sem figuras, de modo a trabalhar a capacidade de abstração”, refere-se no documento.

O significado dos símbolos matemáticos, assim como a sua escrita, como meio de comunicação matemática merecem também “atenção adicional”.

Na Álgebra, do 2.º ciclo, salienta-se a necessidade de “dar ênfase ao estudo da proporcionalidade direta e de continuar a trabalhar no estudo das propriedades das operações com os números racionais.

No relatório apontam-se também “dificuldades significativas” na resolução de problemas e em situações que implicam comunicação e raciocínio matemáticos.

De acordo com os resultados divulgados em junho, para as provas realizadas no ano passado (primeira fase), no 6.º ano, apenas Português teve um registo médio positivo (57,9%), com a Matemática a ter média negativa (47,3%).

No 9.º ano, a Português, os alunos internos tiveram uma nota média de 56% e a Matemática de 53%, acima dos 48% e 44%, respetivamente, obtidos no ano letivo de 2012-2013, segundo os dados divulgados pelo Ministério da Educação na altura.

O presente relatório analisa as respostas por questão, numa série temporal mais alargada, em vez dos anteriores documentos produzidos anualmente, um modelo agora considerado redutor.

No caso do 2.º ciclo, os resultados correspondem às provas da primeira fase, de 2012 a 2014, e no caso do 3.º ciclo referem-se à primeira chamada, entre 2010 e 2014.

O objetivo do trabalho é proporcionar aos professores e outros intervenientes no processo educativo “um instrumento de reflexão” que permita melhorar a prática com os alunos.

Os autores do estudo afirmam que, em Português, as provas têm mantido “relativa estabilidade” do ponto de vista da estrutura, do objeto da avaliação e dos resultados dos alunos, apesar das alterações curriculares.

São tidos vários exemplos na análise de resultados, que demonstram maiores dificuldades na gramática e na transformação do discurso direto em indireto nas provas do 2.º ciclo.

Quando se solicitou “uma análise gramatical mais fina ou mais complexa”, muitas vezes associada ao uso de metalinguagem, surgem resultados francamente inferiores, como nos casos da identificação da classe e da subclasse de uma palavra (prova de 2012: classificação média em relação à cotação de 39%), da conjugação de verbos nos modos indicativo e conjuntivo (prova de 2013: 31%) e da identificação de funções sintáticas (prova de 2012: 50%, prova de 2013: 28%).

No domínio da escrita, verificou-se uma tendência de descida entre 2012 e 2014, com os autores do estudo a notarem que ainda que em 2013 fosse pedida a escrita de um texto narrativo, à semelhança de 2012, o número de instruções que o aluno devia cumprir “dificultou o processo compositivo”.

Já em 2014, prosseguem, o item obrigava à escrita de um texto de opinião, o que “corresponde a um processo cognitivo de exigência superior”.