“O meu pai tem Alzheimer. É difícil de determinar em que fase se encontra.” Foi assim que Tarek Sharif (58 anos), o único filho reconhecido de Omar Sharif, deu a notícia ao mundo. Foi a primeira vez que a família do conceituado ator quebrou o silêncio e abordou a falta de memória que há já algum tempo tem afetado um dos eternos galãs de Hollywood. “É evidente que ele nunca vai melhorar e que vai piorar.”

A doença acompanha um dos últimos ídolos românticos do cinema há três anos. As consequências são já impossíveis de disfarçar: alguns fãs ficam confusos quando lhe pedem por autógrafos dado que Omar tem dificuldade em recordar-se exatamente de quem é, além de se esquecer de forma recorrente do nome dos filmes onde já entrou. Uma das situações mais flagrantes é o facto de perguntar muitas vezes pelo estado de saúde da ex-mulher, Faten Hamama, que faleceu em janeiro último.

A notícia, dada este sábado em exclusivo pelo espanhol El Mundo, contagiou a imprensa internacional que se comoveu com a doença daquele que um dia foi um peso pesado na indústria do cinema. Omar Sharif conta 83 anos de uma vida sem igual. Diz o El Mundo que é o egípcio mais universal, o eterno galã, a lenda árabe de Hollywood que se tornou imortal assim que deu a cara e o sotaque nas longa-metragens Lawrence da Árabia (1962) e Doutor Jivago (1965).

https://twitter.com/SarahGolightly/status/601015995323547648

Centenas de publicações, em todo o mundo, fizeram eco das revelações de Tarek Sharif, com especial repercussão na imprensa árabe. Mas também a britânica se atirou à notícia, com o Telegraph a ser um dos primeiros diários a dar destaque a Omar.

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Seguiram-se o Daily Mirror e o Sunday Times, no Reino Unido, e a revista People, nos Estados Unidos. O mesmo se passou em território francês, no Le Figaro, Le Parisien e Metro, e na Alemanha, com o diário Bild e a revista semanal Focus a darem destaque à história. Índia e China juntaram-se ainda ao mapa de preocupação global com o estado de saúde de Omar Sharif.

O Daily Mail disponibiliza um artigo que faz um retrato triste da vida do ator — Omar é descrito como um galã que ao longo da vida seduziu as mulheres mais desejadas no mundo, embora tenha acabado por perder o verdadeiro amor, a atriz e mãe do seu filho, Faten Hamama, com quem esteve casado durante 13 anos.

Mas não foi só nas questões do coração que Omar Sharif teve azar. A infelicidade estendeu-se à fortuna que Hollywood lhe deu em tempos — foi nas mesas de jogo, em muitos casinos por esse mundo fora, que terá esbanjado milhões, às vezes em poucos segundos. O tablóide britânico dá ainda conta que o ator nunca reconheceu um segundo filho, fruto de um caso passageiro.

https://twitter.com/OmarAlneamy/status/602824727309062144

Entre as potenciais paixões que protagonizou na vida real contam-se nomes como Catherine Deneuve, Tuesday Weld, Diane McBain e Ingrid Bergman. Nem Barbra Streisand, com quem trabalhou no filme Funny Girl: Uma rapariga endiabrada, de 1968, lhe foi indiferente. Mas durou apenas quatro meses, o tempo que a película demorou a ser filmada. À data, Streisand culpou o enredo do filme: “É difícil deixar de amar alguém quando o realizador grita ‘corta'”, chegou a dizer. “Factos e ficção misturam-se e penso que ambos perdemos a cabeça durante um tempo.”

Apesar da “loucura” temporária, foi Streisand quem disse a citação que, para o bem ou para o mal, melhor poderá descrever Omar: He was one hell of a guy.