Está no lugar número 178 da lista de 180 países que figuram no Índice de Liberdade 2015 da World Press. À sua frente, só mesmo a Eritreia e a Coreia do Norte. E em 2017 vai receber os Jogos Asiáticos de Pista Coberta e Artes Marciais.  Afinal o que é que o Turquemenistão tem? Ou melhor, de que país falamos? A CNN enviou uma equipa de jornalistas para visitar a nação onde a primeira página de qualquer jornal é sempre o rosto do presidente.

O regime repressor que vigora neste país asiático já remonta aos tempos de Saparmurat Niyazov, o seu ex-presidente, um líder narcisista que até 2006 colocou o país à sua imagem. Literalmente.

Niyazov subiu ao poder em 1991 e manteve-se como Chefe de Estado até ao fim da vida. As suas excentricidades levaram-no a mudar os nomes dos meses para os nomes da sua família e até a proibir manifestações artísticas e desportivas. Também construiu uma estátua dele próprio que se movia em sintonia com o Sol e ordenou que sua data de aniversário fosse impressa no Corão. E à imagem do seu presidente, o Turquemenistão tornou-se uma nação cerrada e restrita, principalmente para as empresas e órgãos de comunicação social estrangeiros.

Quando Niyazov morreu foi substituído por Gurbanguly Berdimuhamedov.Este último mandou retirar a estátua do ex-presidente do centro da capital, Ashgabat. Mas o Turquemenistão não se viu livre de um líder egocêntrico.

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Berdimuhamedov continuou com o regime de retaliações, sem liberdade religiosa ou informativa e onde os defensores dos direitos humanos se vêem constantemente ameaçados pela prisão. “Muito conservador, mentiroso nato e desconfiado” foram algumas das características sublinhadas pelas organizações internacionais em relação ao atual presidente do Turquemenistão.

As provas chegam trinta segundos depois da equipa da CNN ter aterrado no país para a tal visita de 48 horas: em meio minuto já se se tinham deparado com uma fotografia de Berdimuhamedov – existem incontáveis imagens dele em todo o lado. E ao fim de 10 minutos começaram a condicionar as filmagens dos jornalistas.

É difícil conseguir que alguém critique o presidente. Elogios não faltam. A verdade até porque Berdimuhamedov tem dado alguns passos no sentido de abrir o país ao mundo. Quando chegou ao poder permitiu a prática de desporto e ele próprio faz exercício regularmente. Diz que estimula o desenvolvimento da nação e que pode ser um passo no caminho da internacionalização. Em Ashgabat está em construção um edifício onde vai ser possível praticar várias modalidades.

Mas pesar dos longos esforços da CNN para conversar sobre os responsáveis pela propaganda desportiva no Turquemenistão, ninguém se predispôs a prestar declarações. “Não é que não nos queiramos abrir ao mundo, mas passámos tanto tempo fechados que agora temos medo”, justificam. Ainda assim, os jornalistas internacionais foram convidados a assistir a uma conferência do Comité Olímpico do país.

O património natural do Turquemenistão também não passou ao lado da equipa da CNN: são tantos os monumentos em mármore e ouro como as ditas imagens de Berdimuhamedov nas grande cidades. As ruas são muito limpas, com trabalhadores a manterem as estradas livres de lixo desde as primeiras horas da manhã. Cartazes publicitários só de instituições e marcas nacionais, nenhuma estrangeira.

O Turquemenistão é um território de grande interesse geológico, muito graças ao Portão para o Inferno, uma cratera com 70 metros de diâmetro criada por cientistas soviéticos nos anos setenta, quando enterraram naquele local material gasoso e inflamaram-no na esperança que se consumisse rapidamente. O fogo ainda arde.