A Opus Dei já veio desmentir “categórica e integralmente o conteúdo” da afirmação atribuída à investigadora Sónia Pires que dá conta que nos processos de nomeação dentro do Hospital de Santa Maria interferem “dinâmicas externas próprias à sociedade portuguesa — como (…) a Opus Dei”, acrescentando, em comunicado, que a investigadora “não contactou com a prelatura do Opus Dei para o seu trabalho”.

“Sendo uma afirmação que põe em causa a natureza e a finalidade desta instituição da Igreja Católica, pedimos publicamente à senhora dra. Sónia Pires que, caso tenha proferido as palavras que lhe são atribuídas, retire a afirmação” e “se a afirmação, apesar de lhe ser atribuída, tiver sido dita, afinal, por alguma pessoa envolvida no estudo, desejamos que as autoridades competentes realizem uma investigação sobre as suspeitas levantadas”, acrescenta o comunicado.

Entretanto a Inspeção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) decidiu abrir um processo de averiguação ao Hospital Santa Maria após um estudo indicar que o Hospital Santa Maria está minado por interesses e lealdades a partidos, maçonaria e organizações católicas.

Esta averiguação será integrada num processo de auditoria que a IGAS já tem a decorrer, a pedido do próprio ministro da Saúde, na sequência de denúncias do anterior diretor clínico do hospital, Miguel Oliveira e Silva. Ao Expresso, o ex-diretor clínico, que abandonou o cargo a 13 de fevereiro depois de ter denunciado ilegalidades na aquisição de material clínico, disse estranhar não ter sido ainda ouvido pela inspeção. Miguel Oliveira e Silva acrescentou ainda não ter ficado surpreendido com as conclusões deste estudo.

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No estudo, encomendado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, é dito que o Hospital de Santa Maria, o maior do país, está minado por uma teia de interesses e lealdades a partidos políticos, à maçonaria e organizações católicas.

Entretanto, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, sem se pronunciar concretamente sobre o conteúdo do estudo, indicou, esta quarta-feira, que “o conselho de administração do hospital está ainda analisar o assunto”.

A análise ao Hospital de Santa Maria (HSM), a cargo da investigadora Sónia Pires, salienta que, “apesar das melhorias registadas a partir de 2005″, a unidade hospitalar “continua atravessada por fortes conflitos de interesse e atos nas zonas cinzentas ou silenciadas que se configuram como corrupção”.