O Governo português está preparado para o pior dos cenários da zona euro: uma rutura das negociações com o Governo grego, este sábado, na reunião (esta sim) decisiva do Eurogrupo.

Segundo fontes contactadas pelo Observador, a medição das expectativas feita em Lisboa aponta para que um acordo entre a troika e o Governo grego tenha uma “percentagem pequena” de probabilidades.

O empurrar das negociações, o clima dentro das reuniões (técnicas e políticas) e a escolha do dia de sábado para a reunião final são vistos como indicadores de que não será fácil um acordo – dando-se como provável que, em caso de falhanço, haja nova cimeira dos líderes da zona euro para preparar o terreno para o que vier. E o que será isso? Ninguém se atreve a fazer cenários – “A Europa é imaginativa”, diz uma fonte consultada pelo Observador. Uma coisa é certa: o controlo de capitais em Atenas pode ser o próximo passo.

Esta sexta-feira, no final do Conselho Europeu, Passos pouco quis falar sobre o assunto. Vincou apenas que as declarações de Tsipras, queixando-se que havia mais inflexibilidade com Atenas do que houve com Portugal ou com a Irlanda, não faziam sentido: “Nem a Irlanda, nem Portugal beneficiaram de uma tal flexibilidade nas negociações com a troika”. Maria Luís Albuquerque foi até distante, na noite anterior, admitindo que entrou e saiu da uma curta reunião do Eurogrupo sem que houvesse grande discussão dado que não havia base de entendimento mínima entre os gregos e os credores. Portugal, disse aos jornalistas a ministra, “não se colocou de lado nenhum”, garantiu.

Maria Luís Albuquerque, como os restantes ministros das Finanças do euro, tem passado a semana entre viagens – no caso, entre Lisboa e Bruxelas. Na quinta-feira, depois de mais um falhanço nas negociações, regressou a Lisboa, preparada para novo encontro do Eurogrupo.

Entre a equipa mais política que tem acompanhado as negociações, o ceticismo foi crescendo desde o último fim de semana. O obstáculo maior, diz uma fonte ao Observador, tem sido a indisponibilidade grega para cumprir as chamadas ‘prior actions’ – ou seja, as medidas mais imediatas que têm sido exigidas pelos credores. A ideia que foi ficando, na perspetiva do Governo português, é que Alexis Tsipras e Yanis Varoufakis só têm mostrado disponibilidade negocial quanto a medidas de médio prazo, ganhando tempo que para a Grécia pode ser precioso do ponto de vista do financiamento.

Maria Luís Albuquerque e Passos Coelho têm insistido nos últimos dias que um não acordo com a Grécia não atingirá Portugal – apesar de esta semana terem aparecido algumas referências sobre o facto de Portugal poder ser alvo de contágio, do Financial Times a um prestigiado blog do Wall Street Journal, o Market Watch.

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