Sampaio da Nóvoa respondia a perguntas do público num debate do Clube dos Pensadores que decorreu em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto, tendo sido confrontado com a possibilidade de a socialista Maria de Belém vir a ser candidata, logo sua concorrente quer na corrida às presidenciais, quer no possível apoio do PS.

“Eu tenho uma enorme admiração, genuína, pela doutora Maria de Belém, e julgo que a doutora Maria de Belém, como outros candidatos, valorizarão essa disputa [se vier a acontecer]. Julgo que em Portugal precisamos de nos habituar a isso. Habituar a que não há unanimismo, não há candidatos pré-definidos ou pré-vencedores”, disse Sampaio da Nóvoa. Esta questão surge depois de a edição de sábado do semanário Expresso referir que Maria de Belém tem recebido pressões por parte dos socialistas para se candidatar à Presidência da República.

No período de debate, Sampaio da Nóvoa, vincando que não se estava a referir em particular a Maria de Belém, defendeu que Portugal precisa de “valorizar o ato das presidenciais”. “E valorizar o ato das presidenciais, ao mesmo tempo que se valoriza o ato das legislativas, é que as pessoas se apresentem com tempo, que as pessoas sem calculismos a estas presidenciais. Não estejam a fazer contas para a direita ou para a esquerda”, afirmou.

Já em resposta à uma afirmação vinda da mesa, de que “com o apoio do PS”, o professor universitário “podia ganhar à primeira volta”, o candidato foi perentório, tendo colhido a maior salva de palmas da noite: “Eu vou ganhar de uma maneira ou de outra”.

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Antes, na sua intervenção, Sampaio da Nóvoa começou por explicar que a decisão de apresentar uma candidatura é “um gesto de liberdade”, vincando que é “independente e será independente até ao fim”. “E será suprapartidária até ao fim. Uma candidatura nacional. Uma candidatura que não traga mais fraturas nem conflitualidade”, disse.

“Espero ser capaz ir buscar votos a todo o lado e a todos os que se reconhecem nesta carta de princípios. Neste momento haverá ter mais de 5.000 assinaturas e esperamos ter isto [formalização da candidatura junto do Tribunal Constitucional] pronto dentro de muito pouco tempo”, acrescentou.

Outros dos pontos que marcou o período que reservou do seu discurso para explicar a sua candidatura foi o facto de ter salientado que se revê “muito e por razões diferentes em três Presidentes da República anteriores”, referindo-se a Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio.

Já sobre a situação da Grécia, o professor universitário prognosticou “uma Europa em ruína” caso o país grego saia do euro. “Fica uma situação muito complicada para todos nós enquanto projeto político, porque um projeto político exige ter confiança. Exige ter uma base de solidariedade. Ter confiança nos nossos parceiros”, defendeu, tendo citado a este propósito e da crise por várias vezes o nome do papa Francisco.

“Quando ele chama a atenção para esta economia que mata, para uma tensão crescente entre uma ditadura financeira que ninguém controla. Isto cria uma situação de tensão e conflitualidade, de guerra, que é na verdade o início de uma guerra, uma III Guerra Mundial, que não é uma guerra tradicional mas é uma verdadeira guerra que está acontecer hoje em todo o mundo”, concluiu.