Joaquim Barroca, administrador do Grupo Lena indiciado por corrupção ativa, branqueamento de capitais e fraude fiscal qualificada no âmbito da Operação Marquês, terá admitido ao Ministério Público que serviu de intermediário entre Hélder Bataglia e Carlos Santos Silva para que cerca de 12 milhões de euros chegassem às mãos de José Sócrates.

A notícia é do Correio da Manhã, que escreve igualmente que Barroca também admitiu ter sido beneficiado em contratos públicos quando Sócrates era primeiro-ministro. Estas duas informações, que o administrador do grupo de construção sediado em Leiria deu ao procurador Rosário Teixeira e ao juiz Carlos Alexandre, contrariam a versão que José Sócrates tem divulgado. O ex-primeiro-ministro alega que apenas recebeu empréstimos do amigo Santos Silva e que não se deixou corromper.

Já Santos Silva recebeu cerca de 12 milhões de euros de Hélder Bataglia, mas recusa-se a explicar porquê. Bataglia, presidente de uma empresa ligada ao Grupo Espírito Santo (a ESCOM), é também um dos responsáveis pelo empreendimento turístico de Vale do Lobo, no Algarve, onde as autoridades fizeram buscas em maio.

O Ministério Público acredita que os 12 milhões recebidos pelo amigo de Sócrates tinham como destino final a conta do ex-primeiro-ministro, de modo a pagar a colaboração dada pelo governante ao empreendimento de Vale do Lobo.

Joaquim Barroca foi detido em abril e encontra-se atualmente em prisão domiciliária, à semelhança de vários outros arguidos da Operação Marquês. Administrador do Grupo Lena, recorreu a Sócrates para que o ex-primeiro-ministro lhe abrisse portas a negócios em Angola e, segundo o Ministério Público, terá feito transferências das contas pessoais para contas de Carlos Santos Silva no BES. Depois, através de alguns esquemas, o dinheiro chegava a Sócrates, ainda segundo o Ministério Público.

O Correio da Manhã escreve que “a colaboração de Barroca foi a primeira participação considerada relevante no processo ‘Marquês'”, sendo as suas declarações “consideradas muito importantes para a acusação”. Terão de resto sido determinantes para lhe ter sido aplicada, pelo juiz Carlos Alexandre e como medida de coação, a prisão domiciliária.

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