O Alto-Comissário da ONU para os Refugiados, António Guterres, apelou à União Europeia (UE) para dar uma “resposta robusta” e “mais eficaz” à crise dos refugiados sírios, apontando como exemplo a Alemanha, que aceitou dezenas de milhares de pedidos.

Segundo Guterres, a Alemanha mostrou-se em 2014 especialmente recetiva ao aceitar dezenas de milhares de pedidos de asilo de refugiados sírios. “Se todos os países fizessem o mesmo, penso que faríamos face ao problema mais confortavelmente”, disse, citado pela agência France Presse.

Segundo o gabinete de estatísticas europeu, Eurostat, a Alemanha recebeu em 2014 cerca de 200.000 pedidos de asilo, um aumento de 60 por cento em relação a 2013, 41.000 dos quais de cidadãos sírios.

António Guterres falava à imprensa à margem de uma reunião dos ministros do Interior da UE consagrada à repartição de 60.000 migrantes pelos países da União para aliviar a Itália e a Grécia.

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Guterres foi ao Luxemburgo dizer que a Grécia é o país mais exposto ao afluxo de migrantes provenientes da Síria, com 78.000 pessoas que chegaram à costa grega desde o início do ano, o que exige da Europa uma solidariedade “bem mais forte”.

“Precisamos de uma resposta europeia robusta a um problema que (…) não vai diminuir nos próximos meses, porque não há claramente uma perspetiva de resolução do conflito”, disse.

“A UE e os Estados membros têm de aplicar mecanismos mais fortes para assumir plenamente as suas responsabilidades”, acrescentou, apelando para procedimentos “mais flexíveis” de aprovação de vistos.

Guterres lamentou por outro lado a decisão europeia, tomada na cimeira de 25 de junho, de fazer a repartição dos candidatos a asilo numa base voluntária e não com base em quotas obrigatórias como tinha proposto a Comissão Europeia.

Hoje, em comunicado, o ACNUR anunciou que o número de refugiados sírios nos países vizinhos ultrapassou os quatro milhões de pessoas, quase metade das quais acolhidas na Turquia. O número não inclui os 270.000 sírios que desde 2011 pediram asilo a países europeus.