É o adeus definitivo ao Doutor Jivago. O ator Omar Sharif morreu esta sexta-feira, 10 de julho, aos 83 anos. Sharif sofreu um ataque cardíaco esta tarde, num hospital no Cairo, segundo confirmou o seu agente à imprensa internacional. A notícia da sua morte surge meses depois de se saber que o ator sofria de Alzheimer, quando o filho, Tarek Sharif, quebrou o silêncio e falou sobre a falta de memória que há algum tempo vinha a afetar um dos eternos galãs de Hollywood. 

Nasceu Michel Dimitri Shalhoub no Egito em 1932, mas dificilmente seria este o nome a ficar para a posteridade. Omar conheceu a fama internacional com o épico de 1962, “Lawrence da Arábia”, o primeiro filme onde falou em inglês — a participação na longa-metragem, na pele da personagem Sherif Ali, valeu-lhe uma nomeação aos Óscares. Seguiu-se o “Doutor Jivago”, película que protagonizou ao lado de Julie Christie e pela qual ganhou um Globo de Ouro.

A Vanity Fair escreve que foi graças ao sotaque continental e à boa aparência do ator que Omar nunca foi etnicamente estereotipado, daí que tenha interpretado o espanhol Francisco em Chegou a Hora da Vingança (1964), um russo em Doutor Jiavago (1965) e até o jogador judaico de Nova Iorque que cai de amores pela personagem de Barbra Streisand, no filme Funny Girl: Uma rapariga endiabrada (1968).

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Nos anos 1970, Sharif continuou ocupado, ainda que com projetos considerados menos notáveis. Ainda assim, é nesta década que dá o seu contributo no thriller de Blake Edwards, A Semente de Tamarindo, ao lado de Julie Andrews. Anos mais tarde, assiste-se ao regresso esporádico de Omar ao universo que o viu nascer, isto é, a indústria de cinema do Egito.

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Segundo o IMBD, os últimos trabalhos do ator datam de 2013, além de uma curta-metragem de animação em pós-produção.

O eterno galã de Hollywood e da vida real

Em maio, quando se soube que Omar sofria de Alzheimer, o jornal Daily Mail publicou um artigo onde fazia um retrato menos feliz da vida do ator, este que terá perdido a fortuna que o cinema um dia lhe deu em muitas mesas de jogo. Omar é ainda descrito como um galã que, ao longo da vida, seduziu inúmeras mulheres, mas que acabaria por perder o seu verdadeiro amor, a atriz e mãe do seu único filho reconhecido — a atriz Faten Hamama — com quem esteve casado durante 13 anos e de quem acabou por se divorciar.

Entre as potenciais paixões que protagonizou na vida real contam-se nomes como Catherine Deneuve, Tuesday Weld, Diane McBain e Ingrid Bergman. Mas também Barbra Streisand, um romance que durou apenas quatro meses, o tempo que demorou a filmar a longa-metragem em que trabalharam juntos, Funny Girl: Uma rapariga endiabrada. A propósito disso, Streisand chegou a dizer: “É difícil deixar de amar alguém quando o realizador grita ‘corta’. Factos e ficção misturam-se e penso que ambos perdemos a cabeça durante um tempo.” Foi também ela que o descreveu assim: “He was one hell of a guy”.

Dizia o espanhol El Mundo, não há tanto tempo quanto isso, que Omar era o egípcio mais universal, o eterno galã, a lenda árabe de Hollywood que se tornou imortal assim que deu a cara e o sotaque nas longas-metragens Lawrence da Árabia (1962) e Doutor Jivago (1965).