O Banco de Portugal (BdP) está a analisar a idoneidade da equipa de administradores da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), liderada por Tomás Correia, e a tentar perceber de que forma se processou o financiamento a empresas do Grupo Espírito Santo (GES). Se houver suspeitas de indícios criminais o caso seguirá para o Ministério Público. O Banco de Portugal não comenta e o porta-voz da CEMG, contactado pelo Público, garante que Tomás Correia “não foi notificado”.
A notícia avançada, sexta-feira à noite, pela TVI, dá conta da investigação liderada pelo regulador aos administradores do Montepio, sendo Tomás Correia um dos visados. Também, na edição deste sábado, o Público faz manchete com o tema, explicando que o Banco de Portugal está a reavaliar a idoneidade dos gestores para perceber se podem desempenhar funções em entidades financeiras participadas. Se as conclusões não forem favoráveis, estes deixam de poder ter assento em órgãos sociais de sociedades do setor.
Segundo o jornal Público, a ação do Banco de Portugal está também a avaliar a intervenção de Almeida Serra, o gestor com o pelouro da análise de crédito e da gestão risco.
O BdP está também a procurar entender o empréstimo de 150 milhões de euros a empresas do Grupo Espírito Santo (GES), entre dezembro de 2013 e junho de 2014, e tentar confirmar se houve prévia análise de risco de crédito e a tomada firme de papel comercial, em 2013 e 2014, quando já eram evidentes as dificuldades do GES.
Em cima da mesa está uma investigação na qual Tomás Correia, presidente da instituição, é visado, e que tem que ver com um crédito concedido a Paulo Guilherme – filho de José Guilherme, o construtor amigo de Ricardo Salgado – via Finibanco Angola (comprado pelo Montepio em 2010) e que se suspeita que tenha sido usado para o cliente investir no Fundo de Participação Caixa Económica Montepio Geral, criado em Dezembro de 2013, para ajudar o banco a reforçar o seu capital, escreve o Público. A opção de criar o fundo fez com que, pela primeira vez, a Associação Mutualista deixasse de ser detentora a 100% do capital da CEMG.
Se as investigações forenses apontarem para suspeitas de ilícitos criminais, atos de gestão imprudente ou de dolo,
haverá comunicação ao Ministério Público.
O Público questionou o instituição liderada por Carlos Costa sobre a abertura de processos de contraordenação a membros da equipa de gestão da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), mas fonte oficial do BdP disse que
não comentava “investigações” e “processos de contra-ordenação” em curso. Já o porta-voz da CEMG garante que Tomás Correia “não foi notificado” e que “não existem contra-ordenações abertas contra a gestão” executiva.