O presidente do Conselho de Administração da angolana Sonangol, Francisco de Lemos José Maria, negou a falência da petrolífera estatal, conforme notícias das últimas semanas, algo que diz ser “virtualmente impossível de acontecer”.

O responsável falava em conferência de imprensa, em Luanda, recusando várias vezes termos como “falência técnica”, “bancarrota” e “crise” na Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol), transmitidos por “artigos de opinião” e notícias nas últimas semanas.

“Qualquer estado de falência ou de bancarrota teria que implicar que, num só ano, a Sonangol registasse prejuízo de 22 mil milhões de dólares, o que é virtualmente impossível de acontecer. Num só ano, mesmo num período de quatro ou cinco anos”, afirmou Francisco de Lemos José Maria, numa conferência de imprensa que se prolongou por mais de uma hora.

Acrescentou, para justificar a “estabilidade” e “robustez operacional” da empresa, que a Sonangol possui um nível geral de endividamento atual de 13.786 milhões de dólares (12,3 mil milhões de euros), contra um património superior a 21.988 milhões de dólares (19,7 mil milhões de euros), conferindo uma alavancagem “suficientemente estável” e superior a 63%.

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O responsável assegurou também que a Sonangol mantém o programa de investimentos para este ano, avaliado em 6.700 milhões de dólares (6.000 milhões de euros), em todos os segmentos, dos quais 58% em exploração e produção de petróleo bruto, 15% em refinação de petróleo bruto e 10% em distribuição e logística de combustíveis.

Além disso, a Sonangol registou a 31 de dezembro de 2014 um lucro operacional (EBITDA) superior em 1.650 milhões de dólares (1,4 mil milhões de euros) à sua dívida líquida, revelando “a sustentabilidade operacional do endividamento e a preservação de liquidez suficiente para as adversidades conjunturais”, nomeadamente a baixa da cotação internacional o crude.

“Após seis meses de atividade, a Sonangol ainda não fez recurso ao crédito externo, mesmo com um preço do petróleo [barril de crude] bastante inferior àquele que existiu no ano passado”, enfatizou Francisco de Lemos José Maria, numa mensagem que, disse por várias vezes, visava transmitir “confiança” a trabalhadores – é o maior grupo empresarial de Angola -, clientes e credores.

A produção de petróleo em Angola cresceu 12% no primeiro semestre deste ano, equivalente a cerca de 100 mil barris de crude por dia (pouco mais de 1,7 milhões de barris diários), face ao mesmo período de 2014.

Contudo, admitiu, a quebra na cotação internacional do petróleo bruto obriga à implementação de um programa de redução de custos que, sem cortar nos postos de trabalho, e “pelo contrário”, deverá gerar poupanças de mil milhões de dólares já este ano, nomeadamente na contratação e consultoria externa, através de uma “negociação demorada” com os fornecedores.

Disse ainda que as demonstrações dos exercícios financeiros da empresa, na sequência das noticiais publicadas nas últimas semanas sobre a “hipotética bancarrota”, foram explicadas a 03 de julho numa reunião entre a administração da Sonangol e representantes de 22 bancos comerciais que operam em Angola, ponderando avançar em termos legais contra a publicação desta notícias

“A Sonangol, com a dimensão que possui, precisa de permanentemente ter flexibilidade para ajustar o seu modelo operacional, para continuar a vender, para continuar a produzir e para continuar a criar rendimentos”, sublinhou Francisco de Lemos, numa alusão às referências à falência do modelo operacional internacional da empresa nas mesmas notícias, que então citavam documentos internos sobre o futuro da concessionária estatal.