Um grupo de jovens operários têxteis constituído há 40 anos em Joane, Famalicão, quase exclusivamente para fazer teatro, é hoje uma associação que emprega mais de uma centena de trabalhadores e que oferece respostas sociais a 400 utentes.

“Temos mais de 100 trabalhadores, 30 por cento dos quais são licenciados, contribuindo assim decisivamente para a criação de emprego em Joane”, referiu o diretor-geral da Associação Teatro Construção (ATC). Segundo Francisco Melo, só na área social a ATC serve mais de 400 utentes, em valências como creche, jardim-de-infância, centro de estudos, ATL, centro de dia, serviço de apoio domiciliário, lar de idosos, centro de atividades ocupacionais para portadores de deficiência e centro de acolhimento de crianças e jovens em risco. Além disso, dispõe ainda de um ginásio e de uma universidade sénior e tem uma centena de atletas a praticar basquetebol.

O orçamento anual da ATC é de 2 milhões de euros. “Passo a passo, fomos respondendo àquilo que a comunidade precisava”, referiu Custódio Oliveira, fundador e presidente da ATC, lembrando que a creche da instituição começou por funcionar numa garagem. Atualmente, a associação já pensa em mais “voos”, tendo na mira, nomeadamente, a construção de um lar residencial para portadores de deficiência mental e uma unidade de cuidados continuados.

Custódio Oliveira explicou que o nome da associação resulta do facto de a primeira peça que encenou se chamar “Operário em construção”, um texto de Vinicius de Moraes. “Ensaiávamos num campo de futebol e chegámos a ir para os espetáculos de camioneta”, recordou.

Aos poucos, a associação foi-se preocupando em oferecer respostas para os problemas de Joane e das localidades vizinhas, onde, por exemplo, a taxa de analfabetismo se cifrava em 30 por cento. A resposta da ATC para esse problema concreto foi criar cursos de alfabetização, com os quais “muita gente” aprendeu a ler e a escrever.

Custódio Oliveira rotula o teatro como “a alma” da ATC, mas reconhece que, atualmente, aquela será, porventura, a atividade mais “adormecida” na instituição. No entanto, a direção está apostada em “acordar” o setor do teatro, para que ele volte a ter a pujança e a importância de outros tempos.

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