Ricardo Salgado negou ter conhecimento da existência da dívida oculta da Espírito Santo Financial Group (ESFG), condicionando assim a atuação do supervisor do Banco de Portugal. Esta é uma das cinco infrações de que o antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES) é acusado no primeiro processo de contra-ordenação, cujo prazo de contestação termina esta terça-feira, avança o Jornal de Negócios desta terça-feira

De acordo com a acusação do Banco de Portugal, a que o jornal teve acesso, depois da inspeção aos grandes clientes do BES ter detetado que havia 1.300 milhões de euros de passivo em falta nas contas da Espírito Santo International (ESI), Ricardo Salgado comunicou “de forma deliberada e falsa, a existência de um valor de ativo sobreavaliado no montante de 1.081 milhões de euros, que Ricardo Salgado sabia não existir”.

A resposta dada por Salgado ao supervisor “permitiu ocultar do Banco de Portugal a situação de falência técnica e insustentabilidade da ESI”, assim como o “impacto que esta insolvência teria nas diversas entidades financeira do grupo”, acredita o regulador. Para além disso, condicionou ainda a “avaliação da suficiência e adequação das medidas adotadas pelo Banco de Portugal” para reduzir e eliminar a exposição dos clientes do BES ao papel comercial da ESI.

No processo de contra-ordenação, Salgado é ainda acusado de ato doloso de gestão ruinosa, de violação das regras sobre conflitos de interesse, de ausência de análise de risco à dívida da ESI comercializada pelo BES e da ausência da mecanismos para identificar riscos incorridos, refere o Negócios.

Para além de Ricardo Salgado, são também arguidos no processo outros 11 ex-gestores do BES, o próprio banco, a ESFG, a ESAF – Espírito Santo Ativos Financeiros e três dos seus antigos administradores. José Manuel Espírito Santo, ex-administrador do BES, é o segundo arguido acusado de mais infrações (quatro com dolo).

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