O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Carlos Maurício Barbosa, criticou a venda de medicamentos nos hipermercados, considerando que a medida do governo falhou nos objetivos de serem mais baratos e de maior acessibilidade no acesso.

“Dez anos volvidos, os custos dos medicamentos aumentaram fortemente – enquanto os outros sujeitos a receita médica reduziram – num preço que é imposto pelo Estado […]. E, no que diz respeito à acessibilidade, o que vemos são grupos económicos como a Sonae, que tem mais de 50% deste mercado”, acusou.

Falando à margem de uma audiência que manteve com o secretário Regional da Saúde da Madeira, o bastonário argumentou que “o Pingo Doce, o grupo Auchan [Jumbo] e El Corte Inglês” são outros dos que vendem medicamentos não sujeitos a receita, estando situados nos centros das grandes cidades, o que, no seu entender, limita o acesso, quando se tem em conta outros centros urbanos.

“Não veio dar em nada esta medida de reduzir preços e aumentar a acessibilidade e, portanto, devia ser revista”, criticou, considerando-a “falhada”.

O lote de medicamentos não sujeitos a receita médica disponíveis à venda em locais fora das farmácias que, no entender do bastonário “é o mesmo que dizer grandes hipermercados”, estão a ser controlados por grupos económicos.

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Recordou que, quando da adoção da medida pelo executivo, esta pretendia aumentar a acessibilidade dos portugueses aos medicamentos, assim como promover um custo mais baixo dos medicamentos, algo que considera não estar a acontecer.

“Considero que esses medicamentos devem ser adquiridos nas farmácias, pois penso que esse é que é o local certo para serem disponibilizados medicamentos à população e não noutros locais”, afirma.

Carlos Maurício Barbosa lembrou, aliás, que tem aumentado, nas farmácias, o volume de venda de medicamentos não sujeitos a receita médica, mas de dispensa exclusiva nestes estabelecimentos, por exigirem um acompanhamento especializado.

“Não exigem receita mas, pelo seu perfil de segurança e de necessidade de acompanhamento por um profissional, não são disponibilizados nos supermercados e têm aumentado em número”, afirmou.

O bastonário disse ainda que outros países têm modelos parecidos ao português.

De visita à região, recordou que os genéricos foram introduzidos na Madeira “de forma pioneira”, pois foi o local do país onde se aplicou, pela primeira vez, o diploma que obriga à prescrição pela denominação comum internacional.