Segundo a Organização das Nações Unidas, vivem, hoje, mais de 450 mil palestinianos em 12 campos de refugiados no Líbano. Reem, uma menina palestiniana de 13 anos, chegou com os pais a Rostock, no norte da Alemanha, há quatro anos, vinda, precisamente, do Libano.

Reem faz parte de uma longa lista de refugiados que a Alemanha vai repatriar dentro em breve. E por isso, num alemão fluente e com uma límpida dicção germânica, a menina questionou Angela Merkel sobre qual a razão deste repatriamento. “Eu tenho objetivos como todos os demais, eu quero estudar como eles. É muito desagradável observar como os outros podem desfrutar da vida, mas eu não”, confessou Reem à chanceler alemã, num debate televisivo, na escola de Rostock.

Angela Merkel, que raramente se viu confrontada de tão de perto e em direto (a audiência que a interpelava tinha entre 14 e 17 anos), não hesitou em responder que “a Alemanha não consegue lidar com todos os refugiados que chegam diariamente ao país. São aos milhares.”

Merkel mal se apercebeu, mas Reem logo começou a soçobrar, cabisbaixa, enquanto a chanceler prosseguia: “A política é por vezes dura. Tu estás à minha frente, pareces-me compreensiva, mas também tens que perceber que se nós trazemos todos os refugiados do Líbano para cá, não conseguiremos lidar com eles”.

E aí, Reem quebrou, e começou a chorar compulsivamente, o que deixou Angela Merkel visivelmente constrangida, sem reação por instantes, até que avançou em direção à menina , e terminou dizendo-lhe: “Tu és fantástica. Eu sei que é díficil.” Reem secou as lágrimas e o debate com os jovens de Rostock prosseguiu. Em breve abandonará o país.

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