O Brasil jogava em casa e já tinha o título no papo. A final disputava-se no Maracanã, acabadinho de inaugurar, o que estava a deixar os brasileiros em delírio, já a sonhar com um Campeonato do Mundo que estava mesmo ali à mão de semear. A canarinha entrou bem e até marcou primeiro, mas do outro lado havia um senhor, Alcides Ghiggia, que estragou a festa aos cariocas. “Só três pessoas calaram o Maracanã: o Papa, Sinatra e eu”, dizia. Ghiggia, que marcou o 1-2 que deu o Mundial de 1950 ao Uruguai, morreu esta quinta-feira aos 88 anos, exatamente 65 anos depois da mítica final.

A notícia foi dada pelo filho do ex-futebolista ao diário uruguaio El Observador, que o recorda como um Ferrari que chegou àquela final “com o motor em ótimo estado”: marcou primeiro à Bolívia e depois à Espanha e à Suécia, as outras duas seleções que, com o Uruguai e o Brasil, disputaram a fase final desse campeonato. Na quarta-feira, enquanto via um jogo da Taça Libertadores, o antigo avançado, — último sobrevivente do Maracanazo, como o episódio ficou conhecido –, sentiu-se mal e teve uma paragem cardíaca. Depois foi levado para um hospital, mas a equipa médica que o tratou não contava com este desfecho.

Tal como os brasileiros não contavam que lhes tirassem o título das mãos assim, a onze minutos do fim da partida. O defesa Bigode, que tinha por missão não deixar que Ghiggia chegasse perto das redes brasileiras, foi facilmente ultrapassado e foi impotente perante o remate que o uruguaio fez para bem perto do poste.

O Uruguai decretou luto oficial e o funeral de Ghiggia terá honras de Estado. Para recordar tudo o que se passou no Maracanã naquela tarde de julho de 1950, leia o texto que o Observador escreveu no ano passado, aquando de novo Mundial no Brasil. Sim, aquele em que o escrete foi afastado da final por uma Alemanha demolidora…

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