Afinal, tudo acabou bem. A jovem palestiniana que, esta semana, falou com Angela Merkel e não conteve as lágrimas quando a questionava sobre o facto de ter de ser repatriada para o Líbano estando já há quatro anos a viver na Alemanha, afinal vai poder ficar no país. Depois de o episódio entre a jovem e a chanceler ter corrido mundo através das redes sociais, a ministra da Integração admite agora que a lei foi retificada para permitir a permanência no país dos jovens que estejam perfeitamente integrados na comunidade.

As lágrimas da jovem Reem Sawhil, de 13 anos, foram captadas em vídeo e tornaram-se virais. O episódio teve lugar numa escola de Rostock, no norte da Alemanha, onde estava a ser gravado um debate televisivo intitulado “Boa vida na Alemanha”. Falando num alemão perfeito, a jovem palestiniana que disse viver há quatro anos no país depois terem saído de um campo de refugiados libanês, deu conta da sua situação à chanceler e questionou por que razão tinha de ser deportada. “Eu tenho objetivos como todos os outros, eu quero estudar como eles. É muito desagradável observar como os outros podem desfrutar da vida, mas eu não”, disse.

Confrontada com a situação em direto, Merkel respondeu com números e factos: “A Alemanha não consegue lidar com todos os refugiados que chegam diariamente ao país. São aos milhares. A política é por vezes dura. Tu estás à minha frente, pareces-me compreensiva, mas também tens que perceber que se nós trazemos todos os refugiados do Líbano para cá, não conseguiremos lidar com eles”, disse. A jovem libanesa, que já estava cabisbaixa, desfez-se em lágrimas a dada altura, sendo depois reconfortada pela chanceler. “Eu sei que é difícil mas tu és fantástica”.

Poderia ter ficado por aí, mas o episódio dramático já teve consequências práticas. De acordo com a AFP, a ministra da Integração alemã Aydan Ozoguz, de ascendência turca, já fez saber publicamente que o Governo alterou a lei da imigração (que deverá entrar em vigor em agosto) de forma a permitir que os jovens “perfeitamente integrados” possam ter um novo visto de residência. “Eu não conheço a situação pessoal daquela jovem, mas sabemos que fala fluentemente alemão e que vive aqui há muito tempo”, disse à revista Spiegel.

Depois de o seu caso se ter tornado mediático e de Angela Merkel ter ficado com uma imagem de “insensibilidade”, a própria Reem Sawhil chegou a partir em defesa da chanceler alemã. “[Merkel ouviu-me, disse-me o que pensava, e está tudo bem com isso”, disse à cadeia televisiva ARD.

De acordo com a AFP, a Alemanha deu no ano passado asilo a cerca de 200 mil refugiados e espera receber cerca de 450 mil este ano. Segundo a Organização das Nações Unidas, vivem hoje mais de 450 mil palestinianos em 12 campos de refugiados no Líbano.

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