Os credores da Grécia orquestraram uma “tentativa de golpe de Estado” para tentar derrubar Alexis Tsipras mas, apesar do acordo duro assinado pelo chefe do governo grego, este foi capaz de colocar em cima da mesa o debate sobre o alívio da dívida pública. Esta é a análise de Pablo Iglesias, líder do partido Podemos em Espanha, que salienta, contudo, que a situação de Espanha é bem diferente da grega.

“O nosso problema não é a dívida externa, nem os credores nem a Alemanha. O nosso problema é a oligarquia espanhola“, defende Pablo Iglesias, em entrevista à rádio Onda Cero esta segunda-feira. É esta “oligarquia” que o líder do Podemos quer combater caso vença as eleições em dezembro.

Na análise de Pablo Iglesias, Tsipras teve de ceder perante “a verdade do poder” na Europa e à “tentativa de golpe de Estado” encetada pelos credores. Mas o líder grego é merecedor de “muita simpatia”, diz Iglesias, porque foi capaz de colocar em cima da mesa o tema da sustentabilidade da dívida nos países do Sul da Europa.

Já na semana passada, depois da assinatura do acordo entre Tsipras e os líderes reunidos na cimeira do euro, Pablo Iglesias tinha dito que “os princípios de Alexis Tsipras são muito claros, mas o mundo da política vivem numa correlação de forças”. Perante uma escolha “entre a morte e a morte”, Iglesias diz que Tsipras optou “por um acordo mau mas que, pelo menos, fala na reestruturação da dívida, que é algo desejado pela maioria dos gregos”.

Angela Merkel reafirmou domingo a sua oposição frontal a um perdão (haircut) clássico da dívida grega que incidisse sobre 30% ou 40%. “Isto não pode acontecer numa união monetária”, disse a chanceler alemã numa entrevista à televisão ARD. Os credores europeus mantêm, contudo, aberta a porta a que, perante as reformas pedidas, a Grécia poderá beneficiar de operações – como já aconteceram incluindo em Portugal – que, através da extensão das maturidades da dívida, se alivie o peso sobre o Estado grego.

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